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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Eu e o cachorro

A velhice nem sempre acontece da forma como as pessoas esperam. Além dos problemas de saúde quase inevitáveis com o passar dos anos, a debilidade faz com que a vida tome um rumo completamente diferente do planejado. E o que deveria ser um período de descanso após uma vida de trabalho, torna-se uma época de solidão e tristeza.

Alguns idosos parecem ser vítimas de uma conspiração do destino e com o passar dos anos, tudo passa a dar errado. Fiquei triste, triste mesmo ao ouvir daquela vizinha idosa “só fiquei eu e o cachorro”. Em questão de poucos meses, perdeu o marido, após uma sofrida enfermidade, em que primeiro parou de andar, depois foi ficando cada vez mais dependente, acamado o tempo todo. Para complicar, nem todos os filhos estão interessados em cuidar dela, ao contrário. Tem sempre um que resolve tirar vantagem da situação, pensando que é hora de se apossar de bens ou até da minguada aposentadoria com a qual ela sobrevive.

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E assim, ao abandono dos filhos e netos, a solidão se impõe como uma companhia amarga e constante. Um final de vida melancólico, em que os dias se tornam fardo pesado. Um filme insiste em repetir-se incontáveis vezes na mente dessa pobre mulher, com a lembrança de um passado em que a casa estava sempre cheia de gente e havia risos e alegria no ar.

Não é fácil aceitar que seja esta a realidade pelos dias que lhe restam. Fico pensando que em situações assim, talvez o mais indicado seja mesmo a opção de colocar essa pessoa num lar em que ela possa ser bem atendida e tenha a companhia de pessoas da mesma faixa etária.

O pior de tudo é chegar ao outono da vida nesse clima de abandono, o que só aumenta a sensação de inutilidade. E só faz aumentar a sensação de que nossas famílias – pelo menos boa parte delas – não estão preparadas para cuidar de seus idosos. Pelo menos um pouco de carinho e gratidão elas poderiam demonstrar.

Situação complicada

Em muitos municípios circulam as famigeradas listas de empresas ditas esquerdistas, como uma sutil recomendação de que sejam boicotadas. Até o Jornal de Beltrão foi incluído numa delas. Isso mostra o tamanho do radicalismo a que chegamos. Precisaremos de muita sabedoria para superar as divergências políticas que ficaram do recente pleito.

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