Filho pródigo é uma parábola que me deixa um tanto intrigado.
Muitas passagens da Bíblia, de uma forma bem didática, contém ensinamentos profundos. Gosto muito das parábolas, em que Jesus, um comunicador por excelência, se expressava na linguagem do povo, com uma simplicidade muito grande. Elas retratam situações do cotidiano, de tal forma que qualquer pessoa poderia captar a mensagem. Numa delas, o Mestre fala dos talentos.
A quem mais dá, mais será cobrado, ensinou. E ele conta uma história de várias pessoas a quem o patrão entrega seus bens antes de sair em viagem. A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um. Cada um age de forma diferente em relação ao que recebeu. Um guarda, outro gasta enquanto um terceiro investe e multiplica o valor recebido. E o Mestre nos ensina que em nossa vida, passamos por isso e cada qual deverá prestar contas do que recebeu.
Quem mais ganhou, tem a obrigação de produzir mais. Há outra parábola que me deixa um tanto intrigado. É a do filho pródigo, em que o pai acolhe de volta o filho gastador, que recebeu sua parte na herança e torrou tudo em festas. O filho que ficou em casa trabalhando ao lado do pai e zelando pelo patrimônio da família, é surpreendido por barulho de festa ao retornar da lavoura.
Intrigado, pergunta o motivo da festa. Quando o pai lhe diz que matou um boi e deu roupa nova ao filho aventureiro que acaba de chegar, há o desabafo: “Pai, eu estou aqui a seu lado, trabalhando o tempo todo e nunca o senhor me deu sequer um cabrito para festejar com os amigos”.
E o pai justifica: “Estou festejando porque o filho que estava perdido retornou”. Na minha modesta compreensão, essa mensagem de Jesus parece dar razão àqueles que levam uma vida de esbórnia e quando não têm mais onde se apegar, resolvem voltar e pedir perdão. Pode ser uma maneira um tanto limitada de entender a mensagem. O fato é que em nossas vidas nem sempre trilhamos os melhores caminhos, estamos mais para filhos pródigos do que para aquele que nunca abandonou o pai. Andamos longe do melhor jeito de viver. Cristo nos deu a entender que, apesar dos erros e excessos, ainda temos uma saída. O que não deixa de ser uma esperança a quem nunca foi um modelo de perfeição.