A gente podia ou não concordar eles, mas dava gosto ouvi-los.

Não escondo a admiração por líderes que sabem fazer o uso da palavra e conseguem influenciar pessoas com a força dos argumentos. Conheci grandes oradores, alguns deles em nossa região. Creio que o maior de todos, o falecido bispo dom Agostinho Sartori. Em suas pregações, com sua voz grave e fala pausada, as pessoas que o ouviam ficavam magnetizadas, parecia ser possível ouvir até o zumbido de uma mosca cortando o ar, tamanho era o silêncio da plateia.
Outro grande orador era o advogado Sadi José de Marco. Homem de grande cultura, abordava os temas com muita propriedade. Num outro estilo, mais arrebatador, muitos devem lembrar do taxista Miroslau Saiss, que chegou a ser vice-prefeito de Beltrão. Miroslau tinha uma retórica no estilo antigo, cheia de arroubos e citações.
No plano nacional, o ex-governador e ex-senador Pedro Simon, do Rio Grande do Sul, é um dos maiores exemplares de nosso tempo. Com um tom de voz baixo e um gestual peculiar, ele também sabe, como poucos, cativar a atenção do público. O senador Alvaro Dias, com uma voz poderosa, também é um orador de muitos recursos. Gostava de frases grandiloquentes e arrancava aplausos em comícios de outras épocas.
O ex-governador Roberto Requião, a despeito de suas bravatas, também sabe controlar a atenção dos ouvintes. Conhecido por promessas que nunca cumpriu – o pedágio abaixa ou acaba ou a de que o trem apitaria no fim do ano (já se passaram 20 anos) no Sudoeste do Paraná – Requião deve boa parte do sucesso de sua longa carreira política ao poder de comunicação.
Leonel Brizola, que tive a oportunidade de ouvir algumas vezes no rádio e na televisão e uma vez pessoalmente num comício em Francisco Beltrão, era um orador da velha estirpe. Usava de forma magistral a voz e todos os recursos da oratória.
Mas o maior tribuno de tempos recentes neste país foi o ex-governador carioca Carlos Lacerda. Era uma autêntica metralhadora, com um raciocínio rápido e uma argumentação demolidora, além de uma voz grandiloquente. A gente podia ou não concordar com o que eles diziam, mas dava gosto ouvi-los.