19.6 C
Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

O último presente

Quase numa operação de guerra, prepararam a surpresa. Com a cumplicidade do anestesista e a parceria do residente de plantão.


Se você quer se emocionar a ponto de não conseguir controlar as lágrimas em alguns momentos, indico a leitura de “A tristeza pode esperar”, do médico gaúcho J.J. Camargo. O livro reúne crônicas publicadas no Caderno Vida, do jornal Zero Hora. Ali estão relatos emocionantes da experiência do profissional no trato com seus pacientes. Histórias edificantes, de pessoas que venceram sérios problemas de saúde e outros que não tiveram a mesma sorte, mas deixaram demonstrações de coragem impressionantes. A sensibilidade está presente do começo ao fim e mexe com a gente.

Uma das abordagens que ele faz está relacionada ao câncer e à reação das pessoas ao saber do terrível diagnóstico. Segundo ele, cada pessoa tem uma atitude diferente ao saber da notícia. “O companheirismo é um dos maiores triunfos no enfrentamento da doença, que sempre é responsável por um enorme estremecimento, não apenas na vida de quem adoece, mas também, e muito, na de sua família”, diz o autor.

- Publicidade -

J.J. Camargo conta histórias belíssimas como a de um pai, devastado pelo câncer, que estava ainda mais desolado porque não poderia comparecer ao casamento da filha. Então o médico consultou outros profissionais que estavam fazendo o atendimento e decidiram proporcionar ao enfermo a alegria de ver a filha casar. Quase numa operação de guerra, prepararam a surpresa. Com a cumplicidade do anestesista e a parceria do residente de plantão, contaram ao paciente como pretendiam colocá-lo na igreja. O homem que chorava de dor, passou a rir como uma criança. Um irmão trouxe o terno e cortou o cabelo e a barba. Apoiado por duas pessoas, Camilo entrou na igreja sorrindo de felicidade e pôde acompanhar a cerimônia. “O festival de abraços na saída deixou uma lição definitiva: a felicidade não se mede por duração, mas por intensidade.”

Ao voltar para seu leito de hospital, o pai ainda pediu que se ele morresse naquela noite, a família só fosse comunicada às nove da manhã seguinte, para não estragar a festa. Uma lua de mel sem notícias ruins seria seu último presente à filha amada.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques