
Estive viajando pela serra catarinense por esses dias e, ao chegar numa acolhedora cidade, minha atenção voltou-se para a igreja católica, a construção mais imponente da cidade. No dia seguinte, ao fazer um passeio, resolvi visitar o templo e qual não foi a decepção ao ver que não havia como adentrar em seu interior, ela estava fechada.
Ainda tentei em outra ocasião entrar na igreja e as portas continuavam fechadas. Estranhei, pois numa cidade pequena, a igreja é um dos pontos de referência, normalmente é bastante frequentada. Acabei lembrando que em outras cidades a situação é parecida. Para que serve uma igreja, se não dá acesso aos fiéis?
Um estudo mundial mostra que os templos estão entre os locais menos utilizados em todo o mundo. Certamente as lideranças católicas têm suas justificativas até para construir pesadas grades no entorno de seus templos, que impedem a aproximação das pessoas. Em nossa cidade, é o que acontece, e os portões só são abertos em momentos de celebrações, em nome da segurança. A justificativa certamente é válida — o vandalismo não respeita nem os locais sacros — mas, convenhamos que uma igreja ficar aberta aos fiéis apenas poucas horas por semana é um despropósito. Afinal, é nesses ambientes que os espíritos à procura de ajuda buscam momentos de paz e reflexão.
Em Beltrão, se um católico desejar fazer uma oração numa das paróquias durante o dia, não conseguirá, porque nenhuma estará aberta. No centro de Balneário Camboriú, incrustada num prédio, está a minúscula Capela da Paz. É um ambiente peculiar, não comporta mais de 25 pessoas, e é procurado por muitas pessoas ao longo do dia. Em meio à correria e ao barulho, aquele lugar é uma ilha de silêncio e de paz, propício para um momento de espiritualidade. A igrejinha permanece aberta todas as tardes e uma moça fica sentada na entrada, o tempo todo. Não sei quem paga o salário dela, mas certamente ela recebe o pagamento para ficar ali.
Posso estar desinformado sobre as razões pelas quais as igrejas limitam cada vez mais o acesso às pessoas. É uma situação que frustra a todos aqueles que, no meio de uma tarde agitada, poderiam encontrar um momento de paz no silêncio de um templo.