A eleição presidencial já passou faz um tempo considerável, mas deixou marcas, abalou, até destruiu amizades e dividiu famílias. É bom que se diga que o radicalismo não começou no último pleito; vem se acentuando faz bem mais tempo, desde que alguns líderes deste país começaram a história do “nós contra eles”.
E não vai ser com atitudes simples, no curto prazo, que a situação será superada. Até porque o dirigente máximo do país não vem sendo coerente com o discurso de campanha e suas ações vão muito mais no sentido de consolidar as divergências do que em diminuí-las. O fato é que a intolerância continua dividindo famílias, separando casais e afastando amigos. Tem gente que perdeu o emprego por suas posições políticas, lamentavelmente o diálogo perdeu espaço para o grito. Não há mais como sustentar a falácia do “brasileiro cordial”, tão cultuado em épocas passadas.
Na verdade somos um dos países mais violentos do mundo. Todos os dias somos aturdidos por notícias de crimes bárbaros, muitas vezes envolvendo pessoas de uma mesma família. E as redes sociais só serviram para agravar a situação. Muita gente continua gastando seu precioso tempo em debates que não levam a nada, a não ser acirrar as divergências. Como se isso fosse mudar o curso da história.
Alguém comentou comigo sobre as opiniões e as polêmicas que surgem após a publicação de algumas colunas minhas. Muitas delas fogem completamente do assunto abordado e descambam para provocações sem sentido.
No espaço virtual, é tão fácil colocar o dedo no rosto dos outros e desferir um monte de xingamentos simplesmente por discordar de algo. Essa escalada de ódio nada pode produzir de positivo; afasta, exacerba divergências e cria um clima propício para agressões pessoais. Em situações assim, a busca do consenso parece cada vez mais difícil. Perde o país; perdemos todos enquanto não tivermos capacidade para quebrar esse ciclo doentio.
