Até que ponto a internet e as redes sociais interferem na vida de cada um de nós é uma indagação que se repete com frequência. As discussões ganharam destaque no mundo inteiro com o documentário “O dilema das redes”, na Netflix. Ali, depoimentos de ex-funcionários de megaempresas como Google, Instagram, You Tube e Twitter, dentre outras, revelam as estratégias para fazer com que as pessoas fiquem cada vez mais conectadas. A reação ao documentário é marcante.
Desencadeou na Europa e Estados Unidos a manifestação de grupos que se dizem revoltados com o potencial de manipulação que fica evidenciado nos depoimentos. Diante dos fatos, não foram poucos os que anunciaram a saída do Facebook e Twitter. E começam a surgir por toda a parte questionamentos quanto ao modo operacional das grandes empresas da internet. Já se questiona o poder da internet na manipulação de nações inteiras e até a ameaça que podem representar para a saúde mental dos usuários que se tornam dependentes delas. Para muita gente, o dia inicia com uma passagem pelo Instagram ou Twitter, ou mesmo uma olhada rápida no whats app.
Tem gente que chega ao cúmulo de, mesmo durante a madrugada, consultar o celular para conferir as novidades. Talvez não tenhamos parado para refletir sobre o assunto, mas talvez seja o momento de conferir como estamos agindo. O Brasil é o terceiro país do mundo em uso de redes sociais, de acordo com a consultoria britânica Global WebIndex, em estudo feito em 46 países. O mesmo estudo mostra que os brasileiros passam em média 3 horas e 38 minutos conectados, perdendo apenas para India e Estados Unidos, mas, olhando à nossa volta, parece que esse tempo é maior. Se as redes oportunizaram a democratização de opiniões, por outro lado desencadearam uma imensa onda de ódio e radicalização e também a difusão de fake news em proporções inéditas.
O diretor do documentário, Jeff Orlowski, diz que já chegou o dia em que a inteligência artificial dominará os humanos. Um dos personagens do documentário, Tristan Harris, que foi funcionário do Google, chega a comparar a dependência das redes sociais à dependência química. “É como um traficante de drogas perguntando se você quer um pouco mais de cocaína”, diz ele. Vindo de quem conhece tudo isso muito de perto, é bom se perguntar até que ponto já não estamos dependentes desse fascinante e perigoso mundo das redes sociais. Harris diz que, se for possível livrar-se das redes sociais, é melhor sair.