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Francisco Beltrão
terça-feira, 27 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

Quando o fim está perto

Envelhecer não deveria ser sinônimo de sofrimento, mas essa é a realidade em boa parte dos casos. A começar pelas limitações naturais, inevitáveis com o passar dos anos; a dificuldade de locomoção e as doenças que aparecem com a velhice. Mas não é isso o que mais preocupa. A solidão e o abandono são ameaças reais e imensamente mais doloridas.

São tantos velhinhos que não conseguem encontrar carinho e atenção na família. E mesmo aqueles que recebem apoio, convivem com períodos de solidão, amargam horas de silêncio forçado, por não ter com quem interagir. Não tem sentido uma vida longa e um final triste e vazio. Eles ficam sem ter alguém que ouça suas histórias, ou que tenha disposição para levá-los a passear, dar uma volta, ver o mundo ao seu redor. E então eles se fecham em seu silêncio. Ao ouvir desculpas dos filhos para não ficar mais tempo ao seu lado, ao perceber as esquivas nem sempre tão veladas, ao sentir o distanciamento gradativo e a perda de amigos que se acentua a cada ano que passa, a tristeza é uma presença constante.

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E eles vão se fechando em suas lembranças, tempos em que estavam cercados de filhos e netos e havia tanto a fazer. A vida vai se tornando uma rotina vazia que se repete indefinidamente, em que a única preocupação é o horário para tomar os remédios.

Não sei se é tão diferente em outros países, mas o Brasil ainda precisa aprender a cuidar dos seus idosos. Eles não encontram espaço numa sociedade que não arranja nem tempo para as suas carências. A esperança é que, no futuro, a realidade se torne um pouco menos amarga, que nossos velhinhos tenham lugar para conviver, falar de suas memórias e voltar a rir novamente.

O que não se pode admitir é o rosto melancólico de quem se sente um estorvo até mesmo entre as pessoas que mais ama. Decididamente, não vale a pena viver mais para terminar de forma tão melancólica.

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