Em relacionamentos não existem dogmas imutáveis. Cada qual acha o seu jeito de conviver, por mais estranho que pareça a quem está de fora.
O olhar superior é um aviso claro: ela manda e tudo tem que ser de acordo com sua vontade. Suas atitudes são de quem quer o mundo do jeito que ela imagina. Na família, todos estão acostumados a concordar e ai de quem discorda. Um dos exemplos de como é ela que decide tudo foi quando o marido precisou se desfazer de um casal de canarinhos, que adorava. Como eles cantavam alegremente pela manhã, isso desencadeou a fúria da moça, que gostava de dormir até mais tarde.
“Não aguento ficar ouvindo esses passarinhos enquanto tento dormir o meu sono da manhã.”
As coisas só voltaram ao normal quando ele doou, a um amigo, os pássaros que tanto gostava. O certo é que ela faz questão de controlar tudo e todos que estão à sua volta. Quem observa a situação de fora, estranha aquela obediência cega do marido e dos filhos que parecem estar sempre de sobreaviso, à espera de uma nova ordem ou determinação.
Ao vê-la, penso que há mais mulheres assim do que a gente imagina. Conheço uma que controla com mão de ferro as finanças da família, simplesmente não deixa o marido movimentar a conta-conjunta. Todas as decisões sobre despesas são dela; o cartão fica com ela, que dá sempre a última palavra. Ao marido resta andar com algum trocado no bolso. É evidente que o ideal seria algo bem diferente, o casal compartilhar os ganhos e as despesas.
Um marido que não divide com a esposa os seus rendimentos é tão estranho quando uma mulher despótica, que toma conta de tudo. Mas, se para os envolvidos está bem assim, que sejam felizes. Afinal, em relacionamentos não existem dogmas imutáveis. Cada qual acha o seu jeito de conviver, por mais estranho que pareça a quem está de fora.