Quem mora em Francisco Beltrão corre mais risco de morrer num acidente de trânsito do que assassinado. Minha sogra, com a experiência de quem está completando 90 anos, costuma dizer que será cada vez mais difícil as jovens arrumarem marido porque estão sobrando poucos rapazes devido aos acidentes.
Ao ler o Jornal de Beltrão da última terça-feira lembrei da conclusão da Dona Fiorinda. Nos últimos 20 meses, já morreram 50 pessoas em Francisco Beltrão em consequência de acidentes. Uma estatística absolutamente assustadora e inaceitável. O que chama a atenção é a quantidade de jovens que estão perdendo a vida em nossas rodovias e até nas ruas de nossa cidade.
A título de comparação, tanto em 2020 como em 2021, foram registrados 13 homicídios em Francisco Beltrão, enquanto os acidentes mataram praticamente o dobro de pessoas. Difícil entender as razões para tanta violência. Fica evidente que mesmo as campanhas de conscientização feitas periodicamente são insuficientes para reduzir as tragédias. O carro por aqui transformou-se numa arma letal, muito mais que armas de fogo.
Toda vez que alguém bebe e assume o volante, aumentam as possibilidades de ocorrência de acidente. Não podemos nos acostumar com essas manchetes de final de semana, em que os acidentes ganham destaque. É desolador constatar que as campanhas de orientação e prevenção parecem não surtir efeito. Pouco tem adiantado os apelos e orientações. Os acidentes continuam acontecendo em grande quantidade e deixando um rastro de dor e tristeza. Não é, nem pode ser considerado aceitável, uma insegurança tamanha em nossas rodovias.
Gosto de viajar, mas confesso que ando assustado e toda a vez que pego a estrada não tenho como evitar um certo temor. Aquele trecho em direção a Itapejara do Oeste, que nem é tão movimentado, tornou-se extremamente perigoso nos últimos tempos. É uma estrada sinuosa, mas bem conservada e não se entende como tantos acidentes graves ocorrem ali. Com certeza, ainda não temos as respostas para entender a violência de nosso trânsito. O que não se pode aceitar é que continue causando tantas mortes.
Desconfiança
O repórter Niomar Pereira, que me ajudou a levantar dados sobre os acidentes, está tentando obter detalhes sobre os resultados das necropsias de vítimas fatais em acidentes para a relação com o consumo de álcool. O IML, por determinação legal, não repassa esses dados. Niomar desconfia que por trás dessa onda de mortes há muita bebida alcoólica envolvida.