Os costumes mudam rapidamente e exigem uma boa dose de esforço para assimilarmos algumas situações. Em cidades maiores vemos com alguma frequência casais formados por pessoas do mesmo sexo passeando de mãos dadas. Mais comum é ver mulheres jovens, que assumem com naturalidade uma relação homoafetiva.
Confesso que me chamou atenção quando vi dois homens maduros, um deles já grisalho e o outro aparentemente na faixa dos 50 anos, passeando tranquilamente, de mãos dadas. Por mais que procuremos ter uma atitude aberta em relação a comportamentos, fiquei admirado com a coragem daqueles cidadãos.
Somos influenciados por uma sociedade que vê com desconfiança manifestações de afeto de pessoas mais idosas, não importa o gênero. Um casal jovem se beijando é considerado um gesto bonito e romântico; idosos trocando afeto em público é visto com certa estranheza. Há jovens que acham esquisito, mesmo se no ambiente familiar, quando idosos mostram afeto ou trocam carinhos. Como se afeto fosse um direito apenas de quem é jovem e bonito.
Aqueles dois homens beirando à velhice, de mãos dadas em público, atraíam olhares espantados por onde passavam. É o mesmo sentimento quando descobrimos que uma pessoa pública, já na velhice, tem um longo relacionamento com alguém de seu próprio sexo.
Ainda temos certa dificuldade em aceitar com naturalidade. As mudanças comportamentais estão por toda a parte, hoje precisamos ter cautela ao manter um primeiro contato com duas pessoas do mesmo sexo que estamos vendo pela primeira vez; podem ser simplesmente conhecidos, colegas, amigos ou um casal. São os sinais dos novos tempos, em que os relacionamentos tornam-se mais flexíveis e fora dos padrões aceitos até não muito tempo.
É possível que daqui a alguns anos, quando encontrarmos dois idosos de mãos dadas — não importa se homens ou mulheres —, sigamos adiante sem que a cena nos chame atenção. Mas nos dias de hoje ainda não é uma atitude comum e é quase inevitável que olhemos com alguma estranheza, como tudo que vemos pela primeira vez.
