Aquele sonho de comprar um terreno é praticamente inacessível para quem está começando a vida em Francisco Beltrão. Muitos proprietários supervalorizam seus imóveis de tal forma que acabam travando o crescimento da cidade. Vemos em alguns bairros e até na área central dezenas de terrenos desocupados, que não são comercializados porque o preço está muito acima da realidade.
Há alguns lotes em pleno Centro que estão desocupados há mais de 40 anos. Ao se informar sobre o valor com o proprietário, se percebe que ele não tem nenhum interesse em negócio. Prefere deixá-lo do jeito que está, muitas vezes criando mato. Há uma enormidade de espaços vazios, o que pode ser comprovado num rápido giro por nossas ruas. O disparate é tão grande que há o cúmulo de haver dentro da cidade lavouras de tamanho considerável, como a que existe próximo à UPA.
A cidade se expande para todos os lados, especialmente na região da Água Branca e os vazios se perpetuam. Paradoxalmente, no Bairro Nossa Senhora Aparecida, a poucas quadras do Centro, tido como um dos mais valorizados da cidade, enormes terrenos estão abandonados. Em alguns quarteirões, há velhas casas de madeira desocupadas, mas em muitos casos elas já foram demolidas e lá estão os lotes baldios.
É difícil prever se haverá mudanças nesse cenário a curto prazo, porque esse comportamento parece ser inerente à cultura da elite beltronense. As pessoas insistem na espera de uma valorização que talvez não venha tão cedo. E muitos proprietários acabam falecendo sem poder usufruir do esperado lucro.
O arquiteto Dalcy Salvatti, um dos maiores conhecedores do desenvolvimento da cidade, costuma afirmar que o perímetro urbano de Francisco Beltrão tem condições de abrigar cerca de 300 mil pessoas. Ou seja, se todos os espaços forem ocupados, poderíamos ter nos atuais limites da cidade uma população três vezes maior do que a atual.
Enquanto isso não acontece, novos loteamentos são criados, cada vez mais distantes da área central, empurrando as pessoas para longe do Centro. É uma história que parece não mudar nunca.