Quando se fala em mobilidade urbana, as cidades que oferecem boas condições de caminhada crescem no ranking da qualidade de vida. É uma ideia que ganha força.
Já comentei neste espaço que Francisco Beltrão é uma cidade privilegiada por seus parques arborizados e bem cuidados. No domingo, num passeio por um deles, vi com satisfação as pessoas usufruindo daqueles espaços, alguns sentados, outros deitados na grama. É uma riqueza para uma cidade contar com opções como essas. Ali é possível fazer atividades físicas, desde caminhadas a corridas ou exercícios.
Para as crianças, é uma experiência valiosa correr em liberdade em locais seguros. Mas há um quesito em que nossa cidade deixa muito a desejar: a precariedade das calçadas, muitas delas verdadeiras arapucas, mal conservadas, desniveladas e perigosas. Os passeios que margeiam as ruas são ruins mesmo na área central e nos bairros residenciais. É uma pena que seja assim, pois tal realidade desestimula as pessoas a andar pelas ruas. Andar a pé é um hábito que vai se tornando cada vez mais raro.
Conheço gente que usa o carro para deslocamentos de poucas quadras pela cidade. Houve uma época em que as crianças iam a pé para a escola. Era comum andar até cinco ou mais quilômetros para chegar à escola. Hoje é completamente diferente. No interior, há transporte escolar, e na cidade uma frota de vans se movimenta, desde o amanhecer, de um lado para outro, carregadas de estudantes. Sem contar os muitos veículos que param nos portões das escolas.
Alguns consideram que é uma evolução, sinônimo de conforto. Mas seria bom se nossas crianças e jovens fossem estimulados a andar. Quando se fala em mobilidade urbana, as cidades que oferecem boas condições de caminhada crescem no ranking da qualidade de vida. É uma ideia que ganha força nas principais metrópoles mundiais. Para poder andar com segurança, as pessoas precisam encontrar as condições adequadas, ter calçadas e cruzamentos em bom estado.
Na Alemanha há cidades que servem de exemplo para o mundo, como Hamburgo e Berlim, onde existe uma legislação exclusiva para pedestres. Nas cidades alemãs, em duas décadas, os carros terão pouquíssimo espaço, cedendo lugar para quem quer caminhar com tranquilidade. É uma ilusão querer nos comparar aos alemães neste momento. Por aqui, boa parte dos jovens ainda tem como sonho de consumo a compra de um automóvel. Pode demorar, mas um dia vamos chegar lá.