Nas reportagens que abordam as dificuldades da população, aparecem por vezes situações que nos assustam. No site G1, foi publicada ontem a história de uma mulher com nove filhos que dormem amontoados num colchão. Ela é de Palmas, Tocantins, está com 41 anos e além dessa ninhada que vive com ela, tem mais quatro filhos que moram com o pai. A manchete diz: Desempregada dorme com nove filhos num colchão.
Ela conta que depende do Auxílio Brasil e que o dinheiro é insuficiente. As histórias de miséria são invariavelmente parecidas: mulheres sozinhas com uma penca de filhos reclamando das dificuldades.
Em que mundo vive uma pessoa assim? Será que nunca, em momento algum, apareceu alguém em sua vida para orientar sobre planejamento familiar e métodos de prevenção à gravidez? Será que essa pessoa tão fora do alcance dos serviços sociais, nunca falou com um médico, uma assistente social? Nunca esteve numa Igreja, onde alguém poderia tê-la orientado ou nunca leu ou ouviu nada a respeito?
É difícil entender que numa época em que as prefeituras procuram levar orientação e atendimento e mesmo clubes de serviço e entidades civis e religiosas se empenham em dar informações às pessoas, uma criatura que mal chegou aos 40 anos, tenha 13 filhos. O que passa na cabeça de alguém assim, que mal sai de um parto, engravida novamente. E que sistema social é esse que permite que homens continuem a fazer filhos sem qualquer responsabilidade.
A história é tão absurda que escancara a dimensão da tragédia social de nosso País. As causas podem ser muitas, mas isso não torna mais compreensível tamanha ignorância nos dias atuais. Ao ler essa notícia, na manhã de ontem, fiquei intrigado e cheguei a pensar que uma Nação que gera situações como essa, deve preocupar-se seriamente com o futuro. Mostra, também, que enquanto a mentalidade das pessoas não evoluir, não há programa social capaz de acabar com a pobreza. Continuaremos, tristemente, a reproduzir miséria, ignorância e desesperança.