O Sudoeste do Paraná na sua formação tem mais influência da Bélgica do que o seu povo imagina. O trabalho dos Missionários do Sagrado Coração MSC, que aqui chegaram ainda no final dos anos cinquenta e ainda presentes mesmo que em poucas paróquias, promoveu o espírito do Vaticano II sendo a Assesoar (Associação de Estudos e Orientação Rural) uma marca desse tempo em que a Igreja se abria aos leigos e estimulava a participação dos jovens através da JAC (Juventude Agrária Católica).
Na esteira desse trabalho diversos projetos de cooperação foram viabilizados. Muitos projetos educacionais. Mas os projetos que impulsionaram o cooperativismo de crédito foram sem dúvida os que alcançaram maior destaque, maior visibilidade e fizeram com que a nossa região se torna-se referência para a cooperação internacional porque o cooperativismo de crédito tornou-se aqui um caso de sucesso. Francisco Beltrão é hoje uma cidade cooperativista. Mas sem dúvida o nosso cooperativismo de crédito pode fazer muito mais pelo desenvolvimento local.
Na verdade, houve uma certa equiparação das cooperativas de crédito à lógica financeira dos grandes bancos e os sócios das cooperativas estão mais apenas para clientes do que para sócios. Mas voltando aos projetos educacionais, ou seja, à Assesoar e ao Vaticano II, que tanto animou o protagonismo dos leigos na Igreja.
Pois bem, claramente agora está nos faltando maior protagonismo da sociedade civil, falta-nos aquilo que antes chamávamos de conscientização e que hoje podemos melhor chamar de exercício da crítica e de capacidade de análise da realidade. Sem isso corremos o risco de entrar em um certo conformismo e na exacerbação do individualismo por conta do grande espaço de mudança e da aceleração da concorrência. Nunca tivemos tanto recurso, tantas oportunidades de financiamento, de patrocínios, de inovação e no entanto, falta-nos o que tínhamos, capacidade de mobilização e ação coletiva.
Muitos nos perguntamos, o que aconteceu? Penso que o nosso cooperativismo de crédito deveria desenvolver o seu senso de pertencimento à comunidade. Porque não basta que as nossas cooperativas ganhem o apoio de empresários e cuidem de imagem com base em muito e caro marketing, elas precisam se enraizar no sentimento de pertencimento da sociedade local e que ela passe a entender que as cooperativas de crédito são seu amparo e seu suporte. Por isso um maior entendimento entre os diferentes sistemas de cooperativas de crédito, fazendo com que a cooperação supere a competição e a população entenda realmente a diferença entre grandes bancos e nossas cooperativas de crédito.