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Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.225

13/06/2025

A ganância como um mal necessário

Meus amigos das cooperativas de crédito me pediram para que lhes faça elogios como forma de compensar as muitas críticas que lhes tenho feito. Sim, claro que sempre se pode ver algo positivo, mesmo quando o mal impera. E, pensando na ganância, um mal que assola muitos dirigentes das nossas cooperativas de crédito pode-se sim ver nela aspectos positivos: estímulo para empreender, criar, produzir, inovar e construir para obter o que se deseja. O problema está em precisar o limite que existe entre ambição e ganância. A ganância é uma doença que acomete o indivíduo que, ganhando muito dinheiro, quer sempre e cada vez mais dinheiro! É vício em dinheiro! É um vício que faz com que o indivíduo confunda os meios com os fins.

Quando eu pergunto aos meus amigos que dirigem as cooperativas de crédito para quê eles querem o dinheiro e cada vez mais dinheiro, eles não sabem responder. E se respondem é no sentido de que a concorrência precisa ser vencida e com este entendimento esquecem que precisamos de ambição e cooperação e não ganância e competição. Não raro, vejo amigos desse meio que acabam ficando “lê-lê da cabeça” porque, claro, entram em um vazio existencial. O indivíduo perde de vista a razão de viver…! Não tem jeito o ser humano não se satisfaz apenas com coisas, com dinheiro, ele não vive apenas de pão…!

Na vida é preciso ter propósito e é preciso cuidar para não achar que ganhar dinheiro é propósito. O dinheiro é apenas um meio, um instrumento, uma arma perigosa e poderosa, mas em si não é um fim, ele serve como um instrumento de poder. E o que deve ser entendido é justamente de que poder estamos tratando, estamos construindo. Mas enfim, a ganância tem sido potencializada pelo capitalismo, mas não é uma invenção do capitalismo. Enquanto a nossa sociedade for relativamente pobre a ganância se apresenta como um mal necessário, pois nos permite acumular riquezas.

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No entanto, é preciso estar alerta! Pois a ganância destrói famílias, destrói sociedade, motiva a corrupção e o crime. A ganância é assunto sério! Eu lamento muito quando vejo dirigentes cooperativistas tomados por essa doença, porque o propósito do cooperativismo é promover mais a cooperação do que a competição. Uma cooperativa não é uma empresa comum, ela é antes de mais nada uma sociedade de pessoas, não é de jeito nenhum uma sociedade de capitais. Quando vejo que nossas cooperativas de crédito transformaram a integralização de cotas partes em mais uma aplicação financeira, o cooperativismo deixa de existir como um instrumento econômico para resolver problemas sociais.

Lutemos para que as nossas cooperativas, sobretudo de crédito, não percam o controle sobre desejos e objetivos verdadeiramente cooperativistas!

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