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Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.225

13/06/2025

O caso do Banco Master: Um alerta às nossas cooperativas de crédito

A situação do Banco Master, um banco de porte médio, tem muito a nos ensinar sobre os problemas do nosso sistema financeiro e a falta de melhor regulação por parte do Banco Central. Não se pode falar em fraude, como aconteceu com as Lojas Americanas, mas em gestão temerária que foi tolerada pelo Banco Central que deveria ter sustado operações que poderiam comprometer o Fundo Garantidor de Crédito FGC, fundamental para assegurar a confiança no sistema financeiro por parte da população que aplica até 250.000,00 nos nossos bancos. As cooperativas de crédito possuem o Fundo Garantidos das Cooperativas FGCoop. Ambos são fundos privados pois são abastecidos por uma fração dos empréstimos bancários ou cooperativos. Mas ocorre que o Banco Master abusou dessa garantia oferecendo juros muito altos para quem comprasse seus títulos, os chamados Certificados de Depósito Bancário CDB.

O Master, para garantir liquidez, passou a oferecer até 140% dos chamados Certificados de Depósito Interbancário CDI, que são atrelados à taxa Selic. E assim em poucos anos o Banco Master cresceu cinco vezes em tamanho. E para onde ia todo esse dinheiro captado? Basicamente na compra de precatórios e direitos creditícios. Ou seja, títulos de dívida do governo que não se sabe quando serão descontados. Uma dívida de 10 o Banco comprava por 1,5. Tudo parecia um grande negócio, não fosse o fato de que o banco começou a ficar sem liquidez e pior, com um custo de captação muito elevado porque a taxa Selic se elevou muito, elevando ainda mais os custos de captação.

Pois bem, mas essa ânsia por captação acontece também com nossas cooperativas de crédito, tentam elevar a captação de diferentes formas, uma delas é pagando mais que o CDI e também priorizando a distribuição de sobras para que deposita na cooperativa. Mas na cooperativa de crédito o cliente é também dono, pelo menos em tese, e é ele que deve ou deveria zelar para que sua cooperativa não concentre riscos na sua carteira emprestando muito para poucos e também não seja tentada a elevar o custo de captação como forma de emprestar de forma temerária, ou seja, com empréstimos de risco ou que espoliam os próprios associados com juros de cartões de crédito e juros de limite em conta. Por isso defendo o modelo Sarom (São Roque de Minas) de cooperativa de crédito, pelo qual cada agência deve expor sua contabilidade aos associados e estes podem assim, avaliar de perto a saúde financeira da sua cooperativa.

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Nossas cooperativas precisam de mais controle social, participação efetiva dos seus associados e de senso de pertencimento da cooperativa a sua comunidade.

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