6.5 C
Francisco Beltrão
terça-feira, 01 de julho de 2025

Edição 8.236

01/07/2025

O fim da escala 6×1: concessões do capitalismo e conquistas dos trabalhadores

A discussão sobre o fim da escala 6 x 1 ou seja, a redução das horas semanais trabalhadas que por norma constitucional é de 44 horas semanais e de 8 horas diárias, mas que pode ser reduzida por convenção coletiva de trabalho. Ou seja, o normal definido pela Constituição é trabalhar oito horas por dia e mais quatro horas no sábado. Trabalhar seis dias e folgar um dia, significaria fazer mais 4 horas extras de modo a ter 6 dias inteiros, ou seja, de 48 horas. A deputada Erika Hilton (PSOL) apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para reduzir de 48 para 36 horas semanais a carga de trabalho. Provavelmente acabará ficando em 40 horas. A redução da jornada de trabalho e a elevação da remuneração do trabalhador combina com a modernização capitalista ainda que contraditoriamente, por exemplo, não deixe de existir também trabalho escravo.

À pressão social e à concorrência, o capital responde com a elevação da produtividade para melhor remunerar os fatores de produção. O problema, claro, é que existe uma heterogeneidade na economia em que setores têm mais facilidade de absorver custos do trabalho enquanto outros têm mais dificuldade e podem inclusive deixar de existir. Daí as tensões. Para os setores mais modernos, mais produtivos e eficientes, não cabe dizer que “a conta não fecha”, caso o custo do fator trabalho se eleve.

Por exemplo: um operário que opera uma máquina que custa muitos milhões pode até ganhar bem e, no entanto, seu salário ainda será pouca coisa comparado com os custos fixos da máquina. A social democracia nasceu da constatação dos socialistas de que o capitalismo evoluindo poderia elevar o padrão de vida dos trabalhadores.

- Publicidade -

Interessante que no Brasil, no começo do século passado, em São Paulo, na efervescência das greves que ainda eram consideradas “caso de polícia”, ficou famoso um empresário chamado de socialista porque abriu o diálogo com os trabalhadores e concedia aumento do salário reivindicado por eles, e inclusive construiu a Vila Maria Zélia para assegurar boas condições de vida aos mesmos. Ele entendia que um trabalhador que morasse bem seria mais produtivo, era o chamado paternalismo consciente. No entanto, se opôs à redução da jornada de trabalho porque entendia que o tempo livre poderia dar lugar ao vício. Este empresário socialista se chamava Jorge Street e, no entanto, foi um grande empresário chamado Francisco Matarazzo que o convenceu a ser favorável à redução das horas trabalhadas com o argumento que produzindo menos os preços subiriam (vejam só!).

Resultado: enquanto Francisco Matarazzo morreu rico e aclamado pela população, que no seu enterro acudiram em 100.000 (10% da cidade), e o representante dos operários das suas fábricas, de tanta emoção na ocasião, não conseguiu terminar o discurso. O outro, o empresário socialista Jorge Street, morreu pobre e esquecido pela população!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques