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Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.225

13/06/2025

Os pobres de direita

O desapontamento da esquerda com os pobres de direita é assunto sério e que, se bem analisado, permite compreender como as ideias da nossa esquerda precisam ser ajustadas, colocadas no lugar, atualizadas.

A meu ver, o início do problema está na visão por demais materialista que o marxismo ajudou a impulsionar. Sim, Marx foi sem dúvida um gênio, tanto isto é verdade que custa acreditar como há 150 anos alguém poderia prever os problemas do capitalismo de hoje. Mas ele teve que lutar contra os idealistas do seu tempo que não se davam conta o quanto as ideias e sobretudo os interesses em jogo iriam mudar com o advento da inimaginável transformação que o mundo iria passar com o surgimento do capitalismo.

De fato, somos governados mais por interesses do que por ideias. Mas nessa toada, os marxistas acabaram por sobrevalorizar a economia em detrimento da cultura. Agora está claro que sem mudança cultural não existe verdadeiramente mudança e mais, a mudança das relações de produção e de distribuição não necessariamente ensejam uma melhor cultura, uma melhor condição humana.

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O que temos agora é o avanço de uma cultura consumista e a esquerda cuidou de transformar os pobres em consumidores, não em cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres. Sim, o aumento do consumo garante a sustentação de um governo. Mas não é o consumo que politiza ou conscientiza o povo. A esquerda brasileira se iludiu com a criação de “uma nova classe média” que no fim acabou se virando contra ela.

Ocorre que mais do que renda, uma classe social se define pela educação e o berço dos seus membros. É um erro definir como classe social “os novos ricos” que aliás, via de regra, não são assimilados sem mais nem menos na classe alta da sociedade. “Novo rico” é a turma do “dinheiro novo”, gente pouco refinada e de mau gosto… Marx nunca definiu classe social, mas a esquerda se acostumou a trabalhar com a noção de classe social, uma categoria geralmente pouco precisa.

Pois bem, com a crise de 2015-2016 foi brutal o retrocesso dessa “nova classe média” que, claro, culpou a esquerda, insuflada pela direita, que não culpou o sistema financeiro e nem as traições políticas ou o Congresso Nacional.

E agora, na metade do governo Lula 3, o consumo voltou, mas a “nova classe média” desconfia do atual governo. E esta classe passou a ser a dos “batalhadores” ou empreendedores que veem seu futuro no mercado e não no estado que, aliás, enxergam apenas como um cobrador de impostos.

Por isso, se a esquerda não souber se apropriar de uma pauta liberal, não sairá do seu imobilismo.

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