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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Por um IDR-PR mais “sábio”

O IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) ao resultar da fusão de quatro entidades da Secretaria Estadual da Agricultura, representa um passo importante no processo, já muito tardio, de reforma dos serviços de pesquisa agrícola e reforma da extensão rural do nosso Estado. Lembro que, há dez anos, o atual presidente do IDR, Natalino Avance de Souza, fez uma exposição com base num estudo intitulado a “Emater-PR do futuro”.

Ele apresentava uma radiografia do envelhecimento e esvaziamento de quadros funcionais da então Emater do nosso Estado, mas era mais um diagnóstico do que uma proposta. Não se propunha debater a necessária reforma que já então se colocava com urgência. Em resumo, não se vislumbrava um futuro para a nossa extensão rural, porque nada se propunha em termos de mudanças.

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Atualmente não é difícil, para quem estuda a questão, compreender a necessidade de se construir uma extensão rural verdadeiramente plural. Ou seja, uma estrutura articulada tanto em termos estatais, privados e do terceiro setor. Para tanto deverão existir diversas fontes de financiamento, inclusive dos próprios agricultores e suas organizações.

Estrutura vertical, quase militar

A atual estrutura, de caráter vertical e quase militar, deverá ser superada por uma estrutura mais horizontal, em forma de redes, tendo por base territórios formados por alguns municípios e até por microrregiões. Não faz mais nenhum sentido o Estado contar com escritórios locais, ou municipais de Ater.

Os técnicos locais, aos poucos, deverão ir formando equipes microrregionais, para articular as diversas cadeias produtivas e áreas temáticas, consideradas prioritárias na sua microrregião. Inclusive, os técnicos dos governos municipais deveriam ser estimulados a se integrarem, por meio de consórcios de municípios, para formar equipes técnicas que ultrapassem as fronteiras dos seus respectivos municípios, com apoio financeiro dos governos estadual e federal.

O PLS 790/2015 de autoria do então senador do PT Donizete Nogueira (TO), suplente da senadora Kátia Abreu, que nestes dias avançou no processo Legislativo pois saiu do Senado para ser votado na Câmara dos Deputados, prevê que 2% dos programas federais, inclusive Plano Safra, deverão ser destinados para assistência técnica. Sendo que metade irão para a Anater (Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural).

Todavia, os agricultores poderão tomar recursos emprestados a juro zero, e até subsidiados, para financiar a contratação de técnicos da iniciativa privada. Ciente dessa tendência e considerando que todo ano, só na nossa região, se formam milhares de técnicos das Ciências Agrárias, o IDR-PR deveria anunciar como será a extensão do futuro e se preparar para trabalhar por projetos de assistência técnica e extensão rural, organizando sua estrutura para bem monitorar e avaliar esses projetos.

Além disso, o IDR-PR deverá preparar bons diagnósticos das reais demandas de cada microrregião e das realidades particulares, para saber como estão operando os serviços de ater, sobretudo da iniciativa privada e do terceiro setor, para assim racionalizar essas estruturas e a aplicação de recursos. Se o IDR-PR se encaminhar dessa forma, nós paranaenses, poderemos ter uma estrutura muito eficiente e eficaz de assistência técnica e extensão rural para assim realizarmos o enorme potencial de desenvolvimento rural do nosso Estado.

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