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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Se Alckmin é socialista, então Ratinho Jr. é cooperativista

O cooperativismo está mais inclinado a ir de Ratinho Júnior que de Requião. Sem dúvida, Requião é um grande político, um nome forte da centro-esquerda. Ele detém a virtude mais importante na política: a coragem! Além disso, foi prefeito da capital, três vezes governador do Estado e senador duas vezes. Uma bela biografia.

Mas aos 81 anos se candidatar ao governo do Estado, fazendo um discurso mais radical que o de Lula, significa que seu objetivo é marcar posição e ser um nome do futuro governo federal. Para os cooperativistas, Requião representa a mão pesada do Estado. Ele é daquela esquerda que entende que o mercado não tem como fazer inclusão social; apenas o Estado pode cuidar dos mais pobres.

Ou seja, o povo precisa ser tutelado pelo Estado, pois somente ele pode protegê-lo dos malefícios do mercado e do capitalismo. É esta uma visão que domina ainda a nossa esquerda que não aposta no terceiro setor (o setor público não estatal) e considera o cooperativismo apenas como um paliativo para mitigar os males da nossa economia, pelo menos enquanto o capitalismo existir…

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Mas a esquerda precisa reconhecer, a esta altura, que o capitalismo veio para ficar e que ele tem um lado bom, ou seja: uma enorme capacidade de fazer a economia crescer e as inovações se multiplicarem, desde que não se torne oligopolista, cartelizado. Quem se considera pós-marxista entende que a economia de mercado e a concorrência são fundamentais para o nosso desenvolvimento.

A esquerda precisa, cada vez mais, aprender sobre construção social do mercado e a importância de uma adequada interação entre mercado, Estado e terceiro setor. O cooperativismo não pode ser desdenhado como “entidade de mercado”, sendo o mercado demonizado e os capitalistas satanizados. Hoje, com o avanço da burocracia do Estado moderno, é preciso começar a entender que a burocracia é pior que a burguesia, como diz Mujica (ex-presidente uruguaio).

Lula, como grande negociador, fez uma jogada de mestre ao chamar para ser seu vice Geraldo Alckmin, um conservador que pode ser chamado até de neoliberal, mas, enfim, um nome confiável e que está ganhando a confiança do próprio PT. Em todo caso, sem dúvida, é um exagero se apresentar como socialista.

Sim, é verdade que o PSB é muito menos estatizante que o PT, e a reforma trabalhista cindiu o partido. Mas se Alckmin pode ser apresentado numa versão socialista, então o governador Ratinho Júnior pode ser apresentado em versão cooperativista, por que não? O programa do Estado, denominado Coopere-Paraná, de apoio ao cooperativismo, ainda é muito frágil e conta com poucos recursos.

Está faltando ao cooperativismo do Estado mais unidade e ação política para negociar compromissos cooperativistas do governo. Sim, dinheiro é importante e todo político cuida da alocação de recursos em função dos legítimos interesses que ele defende. Mas em boa política, o dinheiro não pode ser maior ou mais importante que as ideias, respaldadas na opinião pública. O nosso cooperativismo precisa de mais educação política e mais força política!

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