A interrupção da chegada de suprimentos, especialmente alimentos, gerou fome no povo cananeu. Ou seja, os bloqueios econômicos não chegam a ser uma novidade.
Numa guerra, não são apenas com bombas que se vence. Nas últimas décadas as sanções econômicas tornaram-se práticas muito comuns de governos, como estratégia de enfraquecer o inimigo, sem necessariamente disparar um tiro sequer. Quando se fala em sanção, basicamente a estratégia é derrotar o inimigo sem lutar. Hoje se fala em bloqueios econômicos, mas essa prática não é recente. Na Bíblia, mesmo, tem-se relatos de estratégias semelhantes (claro, sempre respeitando as proporcionalidades). Uma delas é no cerco de Jericó pelos Hebreus, liderados por Josué.
A interrupção da chegada de suprimentos, especialmente alimentos, gerou fome no povo cananeu. Ou seja, os bloqueios econômicos não chegam a ser uma novidade. Momentos diferentes, requerem estratégias diferentes. Na recente guerra Rússia x Ucrânia, os russos vêm sofrendo sanções econômicas de outras nações, encabeçadas pelos Estados Unidos, como forma de pressionar os czares a recuarem, ou pararem a guerra.
Num primeiro momento os bancos sofreram por não poderem fazer as transações internacionais. Depois, os milionários russos tiveram seus bens congelados, e assim passariam a pressionar o governo russo. Ao que parece a Rússia, que por sinal está muito bem alinhada com a China, fez manobras de forma a diminuir os efeitos das sanções, e assim continuar sua campanha bélica contra o país vizinho.
O que grande parte da população não sabe (que, por sinal, aqueles países com raízes comunistas Rússia e China, num geral, pouco se sabe o que acontece por lá) é que os governos ainda controlam a mídia, e normalmente apenas uma verdade vem à tona. Para efeito de conhecimento, a Rússia, no caso, é um grande produtor de petróleo e gás. Se o inteligente leitor observar, dentro das sanções impostas, especialmente por americanos, o Velho Continente foi muito sutil em seus apoios.
Tipo: “condeno a agressão russa, mas entendo”. O que isso significa? Muito elementar, meu caro Watson. A Europa é refém do gás oriundo da Rússia. Como estamos falando de guerra e de sanções, nesse sentido a Rússia também começa a contra-atacar a Europa. Literalmente estão fechando as torneiras do fornecimento de gás para a Europa. Esta semana o ministro da Economia da Alemanha, sr. Robert Habeck, clamou, especialmente às famílias, que reduzissem o consumo de gás, por medo de começar a faltar o produto no país.
O mesmo ocorre na Itália, França, Suécia e mais uma dezena de países. Mas o perigo é ainda maior, pois grande parte da indústria europeia depende do gás russo para produzir. Caso a indústria diminua a sua atividade produtiva por falta de gás (o que é, sim, muito possível de acontecer), a Europa passará por um momento de crise e recessão pelo choque de demanda e, nesse caso, passa a provar de seu próprio veneno.
Aí o leitor pergunta: certo, Inácio, mas se a Rússia diminuir o fornecimento de gás, automaticamente receberá menos dinheiro, pois estará vendendo menos? Exato. Ocorre que como a China é uma grande aliada da Rússia, a mesma já começou a receber o gás dos russos, para abastecer as suas indústrias, ou seja, o produto está sendo redirecionado para um “novo cliente”.