A Petrobrás utiliza um artificio chamado PPI, ou Plano de Paridade de Importação, ainda no ano de 2016, durante o governo de Michel Temer. O modelo foi estabelecido após a empresa passar anos praticando preços controlados, sobretudo no governo de Dilma.
Já alertava, aqui mesmo, há duas semanas atrás (ou duas colunas atrás, se preferirem): Preparem-se que essa guerra entre Rússia e Ucrânia vai mexer nos preços dos combustíveis. Taí! Aumentos de que valem na casa dos 25% do diesel e 19% na gasolina. Está ficando insustentável, ainda mais sabendo que, pela imbecilidade de alguns líderes mundiais, nós tupiniquins acabamos por sofrer também. Triste isso!
Nunca entrei no mérito de gostar ou não gostar. Entro no mérito que essa é a dinâmica do mercado, é a dinâmica da economia. Lei da oferta e lei da procura. No caso russo é exatamente isso… um grande produtor de petróleo, que diminuiu sua produção diária do líquido e que faz que nós aqui, há uns 15 mil quilômetros de distância sintamos no bolso, os efeitos de uma decisão unilateral.
Com o anúncio da semana passada, da Petrobrás, quanto ao reajuste de 25% para o diesel, de 19% para a gasolina e de 16% para o gás de cozinha, repassando aos consumidores brasileiros a forte alta do petróleo no mercado internacional em decorrência da guerra da Ucrânia, os valores já passam a vigorar a partir de hoje. Não sei se os ilustres leitores que estão lendo nesse momento já perceberam, mas é bem provável que os aumentos já foram repassados e agora é tarde, infelizmente!
Somente em 2021, a gasolina acumulou alta de 47%, o diesel de 46% e o gás de botijão de 37%, bem acima do aumento de 10% da inflação em geral, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Claro que não somos uma ilha e sofremos os impactos do mercado internacional do petróleo, mas está ficando insustentável… mas como começou essa “folia” de acompanhar os preços internacionais, mesmo o brasileiro ganhando em Real?
A Petrobrás utiliza um artifício chamado PPI, ou Plano de Paridade de Importação, ainda no ano de 2016, durante o governo Michel Temer. O modelo foi estabelecido após a empresa passar anos praticando preços controlados, sobretudo no governo de Dilma Rousseff (PT). Esse controle de preços é que criou um rombo tremendo na companhia, visto que mesmo tendo que pagar em dólar, a oscilação cambial não era repassada no preço, criando prejuízos astronômicos que estamos sentindo hoje.
Não existe almoço de graça. Existe um estigma, quase um folclore de que o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, e seguindo esse raciocínio, não dependeria de importação. Ocorre que o petróleo produzido aqui precisa ser adicionado (ou misturado) com petróleo importado, dada a qualidade. Os entendidos dizem que o nosso petróleo é pior que o importado, e que o seu refino custaria muito caro, e portanto, é adicionado petróleo importado para dar melhor qualidade aos derivados de gasolina e diesel e, automaticamente, baratear o custo de processamento.
Entretanto, esses aumentos nos combustíveis (mesmo que seja em virtude de fatores externos) tem criado uma pressão muito grande na inflação, e claro, os salários começam a se deteriorar, e especialmente os menos favorecidos financeiramente começam a sentir, mesmo aqueles que não possuem veículos, pois, como os inteligentes leitores sabem: aumentando os combustíveis, todo o resto também aumenta — alimentos, roupas, medicamentos, a nossa cerveja e por aí vai.