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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

Juros e tensão continuam subindo na Europa

Em geral os que lá estão nunca provaram desse amargo remédio, tenho a sensação de que o medo imperou e a decisão tardou a sair.

Ontem foi um dia curioso lá pelos lados do Velho Continente. O Banco Central Europeu aumentou as taxas de juros mais do que o esperado. Este foi o primeiro aumento de juros pelo Banco Central, da zona do Euro, pasmem caros leitores… em 11 anos. A decisão foi motivada pela preocupação com a alta da inflação, o que se sobrepôs ao risco de estagnar o crescimento — mesmo enquanto a região se recupera do impacto da guerra da Rússia na Ucrânia. Curiosamente, ao que parece, os economistas europeus, além de não estarem acostumados com esse tipo de medida, estão seguindo o que o Brasil já vinha fazendo desde o início do ano, ou seja, com pelo menos seis meses de atraso, porém, agora a inflação já é uma realidade por lá.

A prática de elevação de juros é explicada pela teoria econômica, mas como em geral os que lá estão nunca provaram desse amargo remédio, tenho a sensação de que o medo imperou e a decisão tardou a sair. Enquanto no Brasil a inflação dá claros sinais de desaceleração, por lá parece que começa a fugir do controle. Prova disso foi a renúncia de Boris Johnson, no Reino Unido, por não suportar uma inflação na casa dos 9%, a maior em mais de 40 anos. Até mesmo para nós brasileiros, após o Plano Real, uma inflação de 9% está muito além do aceitável. Mas voltando à Europa, o Banco Central Europeu elevou sua taxa de juros em 0,50 ponto percentual, saindo das taxas negativas para zero. Isso foi além de própria orientação da instituição, que era a de fazer um movimento de 0,25 ponto, e coloca a região ao lado de pares globais no aumento dos custos de empréstimo.

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Apenas relembrando: quanto maior o juro, maior é o custo do dinheiro. Mas e o que isso significa? Num cenário de juros negativos, o dinheiro tende a circular menos, pois o consumidor entende que (para exemplificar) um produto X custa 10, hoje, no mês que vem ele poderá custar 9,8. Então o consumidor “espera” para poder adquirir a um valor menor no futuro. Como o cenário agora é de inflação por lá, isso ocorre em virtude de mais dinheiro circulando, motivado pela elevação do consumo.

Com mais consumo, é mais dinheiro circulando, e consequentemente efeito inflacionário, monstro esse que os europeus desaprenderam a enfrentar, as coisas começam a sair do controle. Mas não para por aí. Novos aumentos já estão previstos para setembro, mais precisamente dia 8. Ao que tudo indica, inclusive, que mesmo com essa elevação nas taxas de juros, a inflação deverá continuar em alta por lá, pois estão chegando as férias na Europa, onde o povo viaja muito e, automaticamente, aumenta-se o consumo, especialmente alimentos e combustíveis.

Por fim, ao término das férias, em meados de agosto, alguns países já estão com inflação batendo na casa dos dois dígitos. Também começa a entrar o frio europeu, com aumento no consumo de gás da Rússia (que já está fechando as torneiras e possivelmente deixando o Velho Continente de joelhos). Isso, sem ter disparado um tiro sequer. Não espere, caro leitor, que teremos vida fácil por aqui também, nos próximos meses, pois espirros dados na Europa ainda causam gripe aqui no Brasil.

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