Fim de semana saí para almoçar com a família, afinal esse também é um programa que na medida do possível me dou o luxo, pois é a oportunidade de estar junto de quem amamos num ambiente distinto, além, é claro, de se livrar de ter que lavar os pratos e limpar a cozinha depois. No restaurante em questão, estava tudo maravilhoso, ambiente limpo, agradável, muita gente almoçando (e isso tem que ser valorizado), afinal, enfim, os sinais que a pandemia enfraqueceu são evidentes, e ver as pessoas sorrindo, ver seus rostos sem máscaras também é impagável (embora que, para alguns, as máscaras estavam fazendo um favor, mas isso é assunto para outro momento).
Aí, o leitor pergunta: Certo, mas o que que um almoço tem a ver com o título do artigo? Elementar meu caro Watson! Ao sair do restaurante, estava uma mulher indígena (com seus 25, talvez 30 anos, com duas crianças, pedindo dinheiro, quase que na porta do restaurante).
Aparentemente, uma pessoa totalmente saudável e cheia de vida! Entretanto, na visão dela, pedir esmola é o que seria mais viável naquele momento e eu não julgo. Esta cena me fez remeter às teorias econômicas que tratam do fator trabalho e a geração de riqueza, que, espero, consiga transmitir meu raciocínio em poucas linhas, afinal, este espaço precisa ser muito bem aproveitado.
Lugares onde não há oportunidade de trabalho são totalmente reféns de esmolas do governo. Os programas sociais são importantes para dar o mínimo de condições de vida para pessoas que não têm oportunidades em seus locais onde vivem.
Em geral, nessas regiões há o descompasso de um elemento importante: A natureza, que é dela que extraímos toda a riqueza, através do fator trabalho. Quando um desses elementos está desmedido, temos os chamados bolsões de pobreza. Quando isso acontece, existe um fenômeno chamado êxodo — ou, se preferirem, imigração —, quando as pessoas mudam de lugar na busca de melhores oportunidades de vida, de trabalho, de estudos e assim por diante.
Mas estamos falando do Sudoeste do Paraná. Uma região que até fim dos anos 1900 sofreu com esse fenômeno e há inúmeros relatos de pessoas indo embora, buscando oportunidades em Joinville (Joinvil). Muitos por lá ficaram, constituindo família e, através de seu trabalho, gerando riqueza para aquela promissora região. Mas se estamos no Sudoeste, uma região que mudou muito, com IDH’s ótimos, com excelentes oportunidades de trabalho, de estudo, de saúde, de lazer e assim por diante (mesmo tendo uma infraestrutura precária), o que levaria uma pessoa cheia de saúde se sujeitar a receber esmolas, mesmo tendo todo o vigor para trabalhar?
Os programas sociais que aí estão precisam de algum tipo de contrapartida de quem os recebe. Afinal, alternativas existem: prazo determinado, qualificação e cursos profissionalizantes, filhos na escola, uso específico desse dinheiro, sei lá! Estou aqui apenas dando ideias para uma reflexão futura mais profunda. Mas o que é preciso ter claro que, se queremos ter uma região próspera e desenvolvida, não será sobre os pilares de esmolas públicas, mas sim com emprego, com renda, com trabalho digno.