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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

OPINIÃO

O túnel funciona; agora precisamos focar nas ruas alagadas

Após dois dias de chuvas que quase atingiram marca histórica em Francisco Beltrão, fica claro que, apesar de o Rio Marrecas ter saído da caixa em algumas partes mais baixas da cidade, o túnel já se provou capaz de conter grande parte da força do Rio.

Uma chuva praticamente ininterrupta de 206 milímetros em pouco mais de 24 horas. É um volume considerável para Beltrão. O Marrecas chegou a subir mais de 9 metros. Essa é uma quantidade que supera o esperado para dezembro inteiro. A média histórica – entre 1979 e 2021 – para o mês é de 174 milímetros.

Era um teste necessário para colocar à prova a obra. Imagens mostraram que a entrada do túnel – responsável por coletar as águas do Marrecas, Urutago e Lonqueador – ficou submersa; na saída, uma turbulenta foz que voltava a desaguar no Marrecas. Mesmo com o grande volume de águas, o rio não ficou represado, e o túnel deu vazão para o escoamento rápido das águas.

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Agora, no entanto, a administração futura e as que virão após ela precisam voltar-se para outro problema também muito comum em grandes centros: os alagamentos em ruas e avenidas importantes da cidade, que causam transtornos e prejuízos para o comércio e moradores.

Neste fim de semana, houve muitos relatos de pontos alagados em ruas da cidade. Em um ponto da Rua Abdul Pullmann, que liga os bairros Aeroporto e Novo Mundo, o volume de águas represado impedia a passagem de veículos. O local já é conhecido por esse acúmulo de águas. Em outras períodos de chuvas, motoristas que tentavam a travessia ficaram pelo caminho, com enorme prejuízo.

Outros pontos conhecidos de alagamentos estão na Rua União da Vitória, local que tem crescido como importante via gastronômica. A água represa no cruzamento com a Rua Bahia, afetando comércios e residências locais. Mais próximo ao Parque de Exposições, outro ponto importante sob a ponte do Urutago gera transtornos para quem tenta entrar ou sair da cidade.

Em Belo Horizonte, de onde venho, mesmo as obras para a contenção do Córrego Vilarinho, no bairro Venda Nova, não puderam segurar a força das águas em dias de chuvas muito intensas. Quando a chuva aperta muito, todos já sabem que precisam sair do lugar o mais rápido possível. O Córrego canalizado piora o quadro de não se poder ver quando ele está prestes a sair. Quando sai, em questão de minutos atinge 2 a 3 metros. Em 2023, uma mãe e sua filha perderam a vida lá.

Esses são problemas naturais de muitas cidades brasileiras. O perímetro urbano cresce, a quantidade de concreto e asfalto crescem. As áreas de natureza, solo, grama, árvores e tudo o que ajuda na absorção da água no solo diminuem. Quando um volume expressivo de chuvas cai, o resultado tende a ser água represada, transtornos e prejuízos.

Não há um inimigo, é apenas a natureza sendo a natureza. Mas a nós, cidadãos, cabe o zelo com a cidade e o cuidado com o descarte de lixo irregular. Há vários bueiros entupidos por resíduos plásticos e orgânicos que, se tivessem sido destinados corretamente, não nos trariam transtornos. Beltrão, infelizmente, não é uma cidade planejada como deveria ser. O desafio é sempre tentar prever o pior cenário e precavê-lo antes de acontecer.

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