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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

O Twitter de Elon Musk e sua nova liberdade de expressão

É preciso entender duas coisas: não existe liberdade de expressão irrestrita e livre de consequências; quem prega muito controle em “prol da democracia” não está realmente preocupado com a democracia.

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Por Jônatas Araújo – Com a nova aquisição bilionária de Elon Musk, que agora torna-se o único dono do Twitter, reacendeu também um debate que já está em voga há alguns anos: a liberdade irrestrita de expressão. Elon Musk é um grande defensor desta liberdade quase sem fronteiras, o que acentuou as críticas sobre os novos rumos que a rede social deverá tomar e os perigos que isso poderá trazer.

Além de Elon Musk, o filósofo Noam Chomsky e o escritor Glenn Greenwald estão entre os adeptos desta vertente de pensamento, que defende a liberdade de expressão total, algo que considero utópico e impraticável, pois a própria história nos mostra o quão nocivo podem ser palavras que visam moldar pseudo-realidades, induzindo pessoas ao erro e nações ao genocídio.

Como poderemos permitir “liberdades de expressão” que propaguem e defendam regimes totalitários, privações de liberdades, perseguições políticas, extermínio de povos e etnias? Por mais óbvio que possa parecer, toda suposta liberdade de expressão que colida diretamente com a liberdade, o direito e a existência de outras pessoas, deve ser combatida com firmeza. Não existe liberdade de expressão livre de consequências, e ela deve andar igualmente com bom senso e responsabilidade.

Por outro lado, esses clamores que têm surgido contrários à venda do Twitter, com o argumento de defesa da democracia e combate às Fake News, em muitas situações, não passam de um cínico interesse em controlar as narrativas. Verdade e democracia tornaram-se palavras convenientes para pessoas mal-intencionadas. Quem prega muito controle não está realmente interessado em defender liberdade ou democracia.

Essa parcialidade gritante fica exposta em perfis no próprio Twitter, criados com o propósito de, supostamente, combaterem as Fake News, mas que se tornaram máquinas de narrativas ideológicas unilaterais. Ora alardeiam sobre o prejuízo democrático da venda do Twitter, ora silenciam-se sobre crimes reais de guerra. A verdadeira luta pela democracia jamais deve ser relativizada.

O poder exclusivo da vigilância sobre a verdade ou a individualidade não deve pertencer a apenas um lado, mas a todos. Quem deseja advogar em prol desta causa precisará ter disposição para ir além da ingenuidade ideológica. Seguindo a visão de Thomas Hobbes, a natureza humana é essencialmente má, logo, mentiras e Fake News sempre existirão em todos os espectros políticos.

Eu sigo mantendo a desconfiança nos métodos e intenções de Elon Musk, e de maneira alguma consigo confiar nas “boas intenções” de combatentes das verdades parciais. A verdade sempre será a única forma para se combater a mentira. Sem discutirmos imparcialmente todo este cenário, jamais poderemos chegar a um consenso sobre quais são os limites da liberdade de expressão.

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