O ditador Nicolás Maduro, para surpresa de ninguém, venceu mais um pleito eleitoral, com 51,2% dos votos. Assim confirmou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão governamental supostamente independente e responsável pela transparência das eleições na Venezuela. Na prática, é um órgão subserviente a Maduro.
Acompanhei, ao longo do último domingo, as eleições no país vizinho. Apurações prévias davam vitória esmagadora de Edmundo González, candidato opositor a Maduro. Todo o dia foi marcado por incidentes que, digamos, fazem parte de uma “democracia relativa”. Soldados armados invadindo zonas eleitorais e intimidando eleitores. Os que votavam contra Maduro eram expostos. Zonas eleitorais fechadas em horário de votação. Fontes locais afirmavam que essas zonas eram maioria opositoras ao ditador.
Pessoas sensatas e realmente pró-democracia têm um nome claro para essa “democracia relativa”. A ela, damos o nome de ditadura. Mas por que ditaduras de esquerda geram menos comoção, revolta ou protestos?
Tenho um profundo incômodo com uma parte da esquerda, essa mesma que acusa “fascismo”, “nazismo”, “ditadura” e “opressão” quando a oposição está no poder, mas que se cala diante de medidas realmente fascistas quando é um governo de esquerda que as perpetra.
Maduro é um ditador, e isso basta para nos posicionarmos contrário a ele, fosse de esquerda, centro ou direita. Mas o que se observa, no entanto, é uma onda de parabenização por parte da esquerda radicalizada, elogiando uma vitória fraudada e afirmando ser essa a luta contra o “imperialismo”. Vi poucos sensatos à esquerda criticando esse circo eleitoral na Venezuela.
O povo venezuelano continuará sofrendo, sabe-se lá por quanto tempo. Acredito que a ditadura de Maduro, no poder desde 2013, jamais cederá pelas vias democráticas, só deverá ter um fim com, infelizmente, uma revolta violenta do povo, e que ainda poderá levar ao poder outro facínora. A “esquerda radical” – ou extrema-esquerda – continuará fingindo ser pró-democracia, mas ela tem lá seus ditadores e ditaduras de predileção.