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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Sem os celulares há mais tempo para se viver

Acredito que os jovens alunos desta geração estão agora, com esta nova medida sem celulares, experimentando um pouco de como era crescer nos anos 90 e início dos anos 2000. Acho que já estou na idade para dizer: “Naquela época, nossa opção era praticar esportes, conversar ou caminhar pelo colégio.”

A matéria do Jornal de Beltrão da última quinta-feira, 6, falava sobre como os alunos estavam lidando com essa nova medida. Uma lei federal criada para limitar o uso dos celulares, tanto em sala de aula quanto na hora do intervalo, certamente é impopular entre os jovens.

Talvez pareça uma realidade difícil de ser aplicada hoje, porque estamos praticamente conectados às redes sociais todas as horas do dia. Mas, lá no meu último ano de colégio, em 2009, não era assim.

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Naquele tempo, a tecnologia dos celulares ainda engatinhava e não chamava tanta atenção a ponto de nos fazer perder o contato com o mundo externo. O aparelho mais tecnológico cobiçado pelos adolescentes, creio eu, era o iPhone 3Gs. Normalmente, quem o comprava, assim como ainda é hoje, tinha considerável condição financeira.

O Instagram não havia sido criado. O Vine, antecessor do hoje famoso TikTok, nem era cogitado. O WhatsApp, apesar de ter sido lançado em 2009, era acessível apenas para iPhones, e muitos de nós só fomos conhecê-lo por volta de 2012. No YouTube, havia apenas vídeos de gatos e aniversários em família, geralmente com qualidade baixa.

Tudo o que tínhamos era o Windows Live Messenger (MSN), Internet Explorer, Orkut e Google Earth (acredite, era divertido), além do vovô Twitter, que me recuso a chamar de “X”.

Era uma outra realidade. Não podemos obrigar o jovem de hoje a viver aquilo que vivemos no passado, porque não tivemos o que eles têm hoje em termos de tecnologia. No entanto, é necessária uma conscientização sobre como o excesso de tecnologia pode afetar a todos, e não somente os jovens.

Estamos cada vez mais impacientes, raramente conseguimos escutar áudios ou assistir a vídeos sem o recurso do 2x — quando não há mais velocidades. Os catálogos de filmes e séries, sempre recheados nos streamings, já não nos chamam tanta atenção. Quando decidimos assistir, muitas vezes não conseguimos nos prender por meia hora. Já existem estudos sobre o excesso de telas que alertam para os riscos à saúde física e mental.

É importante aprendermos a lidar com o tempo do mundo real e os momentos tediosos da vida, sem que haja escapes constantes. Assim como a vida encontra um meio, os jovens estão reaprendendo – ou tendo a primeira experiência – a passar 4 ou 8 horas sem o uso constante de tecnologia.

Talvez eles corram mais, pratiquem mais esportes, conversem mais, riam mais e fortaleçam as amizades. Talvez nós mesmos, adultos – que nos enganamos achando que não temos os mesmos problemas com excesso de telas –, possamos observá-los e aprender com eles.

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