20.4 C
Francisco Beltrão
terça-feira, 27 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

O feitiço da Ilha do Pavão (João Ubaldo Ribeiro) – Meninos, eu li

Iô Pepeu é um descendente de portugueses, rico, filho do principal líder comunitário da Ilha do Pavão. Solteiro, com posses e influente, ele não tem dificuldades para conquistar as mulheres do lugarejo – desde que todas, na hora do ato, digam “a ela sem pena”.

Sem ouvir a frase, Ioiô não funciona. Mas não é por isso que encontra resistência: todas atendem o seu desejo. Ele então se apaixona pela negra Crescência, que corresponde ao interesse, sem, no entanto, concordar em proferir as “palavras-chave”, para que o sexo seja consumado.

Para conquistar por completo seu amor, Iô Pepeu busca as alternativas mais rocambolescas, como fazer uso de uma bebida afrodisíaca indicada por um pajé. O “trago” imediatamente mostra-se poderoso, a ponto de fazer com que o indivíduo saia atacando a primeira mulher que ver na frente, mas fracassa no teste com Crescência: Iô brocha sem ouvir a frase célebre.

Aprendiz de feiticeira, Crescência se aproximará de Ioiô na necessidade de resolver, através da magia e da inteligência do amado, os conflitos políticos da região.

Despretensiosamente, passam a conhecer os mistérios da Ilha do Pavão: encontram um portal para um mundo paralelo; e poderão, entre algumas opções, escolher o futuro da população local.

A formação da identidade brasileira

A Ilha do Pavão está localizada na costa da Bahia, se bem que ninguém saiba como chegar até lá. No lugar, vivem portugueses, escravos e índios em pleno conflito. A trama se passa no século XVII.

O livro é uma sátira da formação do comportamento do povo brasileiro, encenando as relações conflituosas entre indígenas, escravos e portugueses durante a colonização.

No seio da ilha, um quilombo funciona como uma sociedade organizada à parte. O rei do quilombo é um traficante de escravos – sim, um negro que renega as raízes.

Enquanto isso, na vila, os portugueses tentam expulsar os indígenas para a mata. Por conta do comportamento extravante dos nativos – como andar sem roupas e exagerar no uso da cachaça -, a elite branca julga que eles não estão desenvolvidos a ponto de conviver com a sociedade.

Por outro lado, embora busquem formas de reagir e resistir à rejeição e discriminalização, aos poucos os índios mudam o modo de agir por influência dos colonizadores.

Sem ser despretensiosa, a narrativa cativa o leitor.

Referências

Título: O feitiço da Ilha do Pavão;

Gênero: Romance;

Autor: João Ubaldo Ribeiro;

Número de páginas: 272;

Editora: Alfaguara;

Ano de lançamento: 1997.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques

Últimas notícias