Iô Pepeu é um descendente de portugueses, rico, filho do principal líder comunitário da Ilha do Pavão. Solteiro, com posses e influente, ele não tem dificuldades para conquistar as mulheres do lugarejo – desde que todas, na hora do ato, digam “a ela sem pena”.
Sem ouvir a frase, Ioiô não funciona. Mas não é por isso que encontra resistência: todas atendem o seu desejo. Ele então se apaixona pela negra Crescência, que corresponde ao interesse, sem, no entanto, concordar em proferir as “palavras-chave”, para que o sexo seja consumado.
Para conquistar por completo seu amor, Iô Pepeu busca as alternativas mais rocambolescas, como fazer uso de uma bebida afrodisíaca indicada por um pajé. O “trago” imediatamente mostra-se poderoso, a ponto de fazer com que o indivíduo saia atacando a primeira mulher que ver na frente, mas fracassa no teste com Crescência: Iô brocha sem ouvir a frase célebre.
Aprendiz de feiticeira, Crescência se aproximará de Ioiô na necessidade de resolver, através da magia e da inteligência do amado, os conflitos políticos da região.
Despretensiosamente, passam a conhecer os mistérios da Ilha do Pavão: encontram um portal para um mundo paralelo; e poderão, entre algumas opções, escolher o futuro da população local.
A formação da identidade brasileira
A Ilha do Pavão está localizada na costa da Bahia, se bem que ninguém saiba como chegar até lá. No lugar, vivem portugueses, escravos e índios em pleno conflito. A trama se passa no século XVII.
O livro é uma sátira da formação do comportamento do povo brasileiro, encenando as relações conflituosas entre indígenas, escravos e portugueses durante a colonização.
No seio da ilha, um quilombo funciona como uma sociedade organizada à parte. O rei do quilombo é um traficante de escravos – sim, um negro que renega as raízes.
Enquanto isso, na vila, os portugueses tentam expulsar os indígenas para a mata. Por conta do comportamento extravante dos nativos – como andar sem roupas e exagerar no uso da cachaça -, a elite branca julga que eles não estão desenvolvidos a ponto de conviver com a sociedade.
Por outro lado, embora busquem formas de reagir e resistir à rejeição e discriminalização, aos poucos os índios mudam o modo de agir por influência dos colonizadores.
Sem ser despretensiosa, a narrativa cativa o leitor.
Referências
Título: O feitiço da Ilha do Pavão;
Gênero: Romance;
Autor: João Ubaldo Ribeiro;
Número de páginas: 272;
Editora: Alfaguara;
Ano de lançamento: 1997.