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Francisco Beltrão
segunda-feira, 09 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Jeca Tatu: Um retrato do Brasil

Não sei quando brotaram no catálogo da Amazon Prime Video, o fato é que trupiquei num punhado de Mazzaropi enquanto vagueava pela plataforma. Entre eles tem “O Vendedor de Lingüiça”, “No Paraíso das Solteironas”, “Jeca e seu Filho Preto”, “Chofer de Praça” e “A Banda das Velhas Virgens”.

Entre os anos 40 e 50 o Brasil teve uma produtora cinematográfica de muito respeito, a Atlântida. Com bom equipamento e comediantes como Grande Otelo e Oscarito, suas chanchadas tinham qualidade e fizeram sucesso.

Mas, as coisas mudam e os anos 70 trouxeram a pornochanchada. Via de regra uma porcaria. Tinha até alguma criatividade, mas como produção cultural era, no mínimo, de gosto questionável. Nesse período, daquilo que chegava ao grande público, pelo menos existia Mazzaropi, dando vida a pérolas por 30 anos entre as décadas de 50 e 70.

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Não sei quando brotaram no catálogo da Amazon Prime Video, o fato é que trupiquei num punhado de Mazzaropi enquanto vagueava pela plataforma. Entre eles tem “O Vendedor de Lingüiça”, “No Paraíso das Solteironas”, “Jeca e seu Filho Preto”, “Chofer de Praça” e “A Banda das Velhas Virgens”.

Porém, seu filme mais emblemático, para mim, é “Jeca Tatu”. Baseado no personagem de Monteiro Lobato, o filme conta a história de Jeca, um preguiçoso caipira que mora com sua família num pequeno sítio no interior de São Paulo e tem que lidar com um vizinho ambicioso que quer expulsá-lo e ficar com as terras. Jeca tem muitas desventuras e chega a ir para a capital paulista para tentar resolver seu problema, criando cenas clássicas de um interiorano na cidade grande.

Alternando muitas situações cômicas com algumas tocantes, essa produção é um exemplo clássico dos trabalhos de Mazzaropi, que sempre ilustrou em seus filmes a vida sofrida da imensa maioria da população brasileira nesse período entre 1950 e 1980.

O humor quase ingênuo tinha algumas pitadas de malícia, mas jamais baixava o nível ou era apelativo. No entanto, isso não o impedia de fazer cenas muito emotivas e passar alguma mensagem de cunho social, como na sequência de “Jeca e a Égua Milagrosa” que circula pelas redes sociais a cada eleição, onde ele discursa sobre os políticos e suas condutas dúbias.

As produções são simples, a linguagem a mais popular possível e os filmes ainda são ótimos. Qualquer um desses pode agradar aos mais jovens e certamente vai divertir os mais velhos.

Jeca Tatu
Brasil – 1959
Direção: Milton Amaral
Roteiro: Milton Amaral, Monteiro Lobato
Produção: Amácio Mazzaropi
Elenco: Amácio Mazzaropi, Geny Prado, Roberto Duval, Nicolau Guzzardi, Nena Viana, Marlene França, Francisco di Franco, Miriam Rony, Marlene Rocha, Pirolito, Marthus Mathias, Hamilton Saraiva, José Soares, Hernani Almeida, Homero Souza Campos, Eliana Wardi
Fotografia: Rudolf Icsey
Trilha sonora: Agnaldo Rayol, Amácio Mazzaropi
Duração: 1h 30min
Classificação: 12 anos

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