“Morricone è morto!” Então, vamos relembrar seu trabalho mais emblemático em “Três Homens em Conflito”.
Na última segunda, 6, morreu Ennio Morricone. Um dos mais importantes compositores do cinema, criador das trilhas de filmes como “Era Uma Vez no Oeste”, “Cinema Paradiso”, “Os Oito Odiados” (que lhe rendeu um Oscar), “Os Intocáveis”, “O Enigma do Outro Mundo”, “Meu Nome é Ninguém” e, é claro, a trilogia do homem sem nome, de Sergio Leone. Você deve ver todos, mas o melhor é “Três Homens em Conflito – O Bom, O Mau e o Feio”.
Na trama, três pistoleiros — Olhos de Anjo (Lee Van Cleef, o mau), Tuco (Eli Wallach, o feio) e Lourinho (Clint Eastwood, o bom) — caçam um tesouro de 200 mil dólares em moedas, enterrado em algum lugar, em plena guerra civil norte-americana. O problema é que cada um tem parte da informação que indica a localização da fortuna, mas, ao mesmo tempo, os três querem se matar por desavenças passadas.
Essa odisséia épica tem o melhor de Leone e o melhor de Enio Morricone. Os bruscos cortes de enquadramentos abertos e closes fazem parte da assinatura do primeiro, e a música primorosa e inconfundível do segundo por si só já fariam dessa produção “leitura obrigatória” de qualquer amante do cinema.
Composto por quase todos os elementos mais básicos de qualquer bang-bang, “Três Homens em Conflito” consegue explorar algum drama de seus personagens, aplicar humor em vários momentos, tem diálogos memoráveis, praticamente criar o impasse mexicano — onde três oponentes duelam ao mesmo tempo — e explodir as coisas de verdade. Tanto isso é verdade que Wallach e Eastwood passaram perto da morte mais de uma vez. Um trem quase acerta a cabeça de um e uma pedra quase acerta a cabeça do outro.
Um momento que sempre me chamou a atenção é o rápido diálogo de Tuco com seu irmão padre, quando se reencontram depois de muitos anos. Quando o sacerdote confronta o pistoleiro por este abandonar a família e sequer aparecer no enterro dos pais — Tuco nem sabia da morte deles —, mais que depressa o fora da lei devolve que, de onde vieram, para não morrer de fome ou se torna padre ou bandido e que o irmão escolheu o mais fácil porque era muito covarde para ser bandido”.
É o tipo de filme que deve ser visto uma vez por ano, pelo menos.
Três Homens em Conflito
(Il buono, il brutto, il cattivo)
ITA/ESP/ALE – 1966
Direção: Sergio Leone
Produção: Alberto Grimaldi
Roteiro: Agenore Incrocci, Furio Furio Scarpelli, Luciano Vincenzoni, Sergio Leone
Elenco: Clint Eastwood, Eli Wallach, Lee VanCleef, Mario Brega, Rada Rassimov, Aldo Giuffrè e Al Mulock
Fotografia: Tonino Delli Colli
Trilha Sonora: Ennio Morricone
Duração: 161 min.
Orçamento: US$ 1,2 milhões
Classificação: 14 anos