Também há a promessa de um endurecimento no rigor do Conselho de Ética.
Achei correta a decisão da presidência da Assembleia do Paraná em ser mais intolerante com os discursos ofensivos dos deputados. Tomara que seja assim de fato. Na esteira disso, também há a promessa de um endurecimento no rigor do Conselho de Ética.
Ora, ora, temos um ou dois parlamentares pródigos em má-educação, que não foram ainda punidos porque o tal Conselho de Ética é cheio de detalhes, permitindo na prática uma ampla defesa. Tem coisas que devem ser mais “preto no branco”, sem muita lenga-lenga. Senão, acontece o que se vê atualmente: um festival de criancices e uma falta de decoro explícita, e tudo fica por isso mesmo.
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Na política em geral é assim, um certo corporativismo. Mas sempre há exceções, como deve acontecer nesse semestre em Brasília, com as prováveis punições aos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP).
Na década passada, no Rio Grande do Sul, o deputado Jardel — ex-goleador do Grêmio — foi cassado. Fui pesquisar e vi que o seu caso foi analisado durante um ano pelo Conselho de Ética da Assembleia gaúcha, começou em 2015 e terminou em 2016. O motivo foi seu gabinete ter funcionários fantasmas.
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Ninguém obriga ninguém a ser candidato. Mas se a pessoa resolve encarar essa disputa e acaba se elegendo, tem de saber respeitar o cargo, tem de ter o famoso decoro parlamentar. Não só no horário de expediente. E quando tiver seus enfrentamentos, que sejam com argumentos políticos ou regimentais, morais ou partidários, sem baixaria — diferentemente do que tem acontecido na Assembleia do Paraná.
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Desde a redemocratização que a política brasileira apresenta seus exotismos. Nos anos 80, o índio Juruna foi deputado federal pelo Rio de Janeiro. Ele falava mal dos políticos e andava com um gravador, registrando as declarações que ouvia sobre promessas disso ou daquilo.
Desde o começo do século tem o tal Tiririca, deputado de São Paulo, sempre lembrado quando se quer debochar do parlamento. O Paraná já teve um deputado que atendia pelo apelido de “Boca Aberta” e uma deputada que era a “Mãe do Guilherme” (o governo federal tem uma ministra que poderia ser chamada de “a irmã da Marielle”).
Em Beltrão, a gente quase teve um vereador que seria folclórico, em 2004, com mais de 400 votos. Só não se elegeu porque naquele ano as cadeiras foram reduzidas de 15 para 10.
OBS – As contas de 2022 do ex-prefeito de Francisco Beltrão Cleber Fontana foram reprovadas pelo Tribunal de Contas. Agora em 2025, os vereadores vão analisar essa questão.
Em texto publicado no Jornal de Beltrão desta semana, Cleber lembra que a mudança no valor do repasse para o fundo Prevbel foi autorizada pela Câmara em 2021, de acordo com o projeto da Prefeitura.
Assim, a menos que tenham mudado de opinião, sete vereadores daquele ano, e que estão atualmente com mandato, devem se posicionar de forma coerente — Oberdan Saretta, Valmir Dile Tonello, Silmar Gallina, Padro Tufão Filho, Júnior Nesi e Tiago Correa deverão votar contra o parecer do Tribunal. E Cidão Barbiero, a favor (porque ele foi o único voto contra em 2021).
Eu imagino, como todo mundo imagina, que os vereadores leram o projeto de lei encaminhado pelo prefeito Cleber para a votação em 2021. Leram, analisaram e votaram conscientemente. Ou não…