24.7 C
Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Crônica: Dia da Criança



Por Marina Niceia Cunha

Nesta foto eu tinha sete anos. Estava me alfabetizando. Morávamos em Pranchita. Nesse tempo “tirar fotografia” era um acontecimento. Todos de roupa nova. As fotografias, geralmente, eram para mandar para os parentes que estavam distantes. Os fotógrafos não revelavam menos que meia dúzia de fotos, em preto e branco. Não havia fotografias coloridas.

Foto de Marina Niceia Cunha.

Eu queria ficar “bonita” como minha mãezinha, então fiz permanente no cabelo, e ganhei um vestido novo, com tecido que escolhi, para o retrato de família. Não imaginam o sofrimento que foi fazer o tal permanente. Tubos com água quente correndo ao redor da minha cabeça. Muitas lágrimas nos olhos. Embora minha mãe e a pessoa que fazia permanente me tivessem avisado. Mas eu queria sair bela na fotografia, com cabelos iguais aos dela.

- Publicidade -

Comecei este texto contando a história do permanente para que entendam o quanto eu tinha minha mãe como referência.

Os momentos que tínhamos com nossos pais, enquanto crianças, eram diferentes de hoje. Não me lembro de haver “um dia da criança”.

Acredito que nossos pais não sabiam dessa data.

O dia da criança para nós era sempre uma alegria quando eles conseguiam nos presentear com uma roupa ou calçado novo. Nesse tempo, a roupa passava de irmão para irmão, costuradas no alfaiate, em tamanho maior.

Os vestidos das meninas, nas costureiras, chamadas modistas. Ou a mãe costurava nossas roupas, na máquina de mão. E o calçado comprado, tamanho maior, para servir enquanto o pé crescesse.

Nas datas especiais como Natal ou Páscoa, a mãe, dentro de nossas possibilidades, fazia pães, bolachas e cucas, assadas no forno de barro e tijolos, tradição da época. No calor do forno eram assadas também as batatas doces. Uma das coisas mais deliciosas eram as bolachas cobertas, com claras de ovos e açúcar de confeiteiro colorido.

A sobremesa mais gostosa era feita de pudim Medeiros e gelatina, e servida com compota de frutas da época.

O refrigerante que conhecemos, nesses tempos, era “capilé”, um tipo de suco avermelhado e doce, que vinha engarrafado, e podia ser diluído em água, para aumentar a quantidade.
Anos depois, surgiu o famoso Q-suco, em envelopes, de vários sabores. Era comum as pessoas que tinham geladeira servir gelo colorido com esse suco, num pratinho para chupar. Outros colocavam numa jarra de água.

E, quando havia festa da padroeira, o pai trazia para casa o churrasco assado, no espeto de madeira, ó glória!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques