Ele é muito conhecido na cidade. Faz corridas no município e para fora também.

Gaúcho nascido no distrito de Cotiporã, em Veranópolis, no dia 9 de junho de 1954, (hoje município de Cotiporã) — muito próximo do conhecido Rio das Antas —, Moacir Gabriel Romani se mudou para o Paraná com a família quando tinha cerca de dois a três anos, para o município de Eneas Marques.
Com cerca de 10 anos, a família se estabeleceu no interior de Salto do Lontra, localidade que hoje é chamada de Linha Romani, uma homenagem à família que a tantos anos habita esse local. “Aqui nós trabalhávamos na lavoura, plantava milho, feijão, tinha uns porquinhos. Meu pai era bastante doente, então pegávamos na enxada, minha mãe, meu irmão mais velho e eu”, conta Moacir, sentado no banco do ponto de táxi da Av. Nicolau Inácio, bem no centro da cidade. Moacir é o segundo filho mais velho dos cinco irmãos.
Transferência para Foz
Por volta dos 22 anos, Moacir decidiu mudar para Foz do Iguaçu, para trabalhar de carpinteiro na construção daquela que seria a maior hidrelétrica do mundo: a Itaipu. “Por oito anos trabalhei na Unicon”, afirmou. Consórcio Unicon (União das Construtoras Ltda), composto pelas empreiteiras Cetenco Engenharia, Cia. Brasileira de Pavimentos e Obras (CBPO), Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Mendes Júnior.
O consórcio venceu a licitação para as obras de construção civil da hidrelétrica do lado brasileiro. No Paraguai, o vencedor foi o consórcio Conempa, integrado pelas construtoras Barrail Hermanos, Cia. General de Construcciones, ECCA S.A., Ing. Civil Hermanos Baumam, Empresa Construtora Mineradora Paraguaya e Jimenez Gaona & Lima.
“Ah! Eu vi ‘coisas’ que eu nunca tinha visto. Você imagina um jovem aqui do interior, sem experiência, lá no meio de 30 a 40 mil funcionários, trabalhando dia e noite. Muitas coisas ficam na lembrança: o tamanho e a quantidade de maquinário; alguns acidentes feios, como guindaste que caiu e matou duas, três pessoas. Nosso esquema de almoço não era fácil. Tínhamos só uma hora de almoço e trabalhávamos cerca de três a quatro quilômetros do refeitório. Então, tínhamos que embarcar nos caminhões, com outros cem funcionários, e ir correndo e enfrentar uma fila de cem metros para pegar o bandejão, comer e voltar para o serviço. Tudo isso dentro do intervalo de uma hora”, afirma Moacir.
“Mas o trabalho era de boa, tínhamos equipamentos de EPI [equipamentos de proteção individual] como capacete, botinas. Éramos divididos em três turnos. Tinha muita gente, do Brasil inteiro e até de outros países”, conta o taxista.
Boa herança
O lontrense destaca que a melhor herança de Itaipu foi a esposa e os filhos. “Financeiramente foi bom. Comprei lote, construí casa, mas mais do que isso, foi nesse período que conheci minha esposa, Elenice da Silva, que era pernambucana, mas na época residia em São Miguel do Iguaçu, com quem me casei e tivemos três filhos”, relata.
Com os filhos ainda crianças, vieram morar em Salto do Lontra, onde trabalhou na agricultura e também por muitos anos também atuou como pedreiro. “Mas, agora estou viúvo desde 2013. Ela [Elenice] ficou muito doente e descobriu que tinha hepatite C vindo a falecer aos 58 anos”, explicou. Após a morte da esposa, vendeu o sítio e virou taxista. “Hoje minha rotina é: levanto cedo, tomo meu café e venho para o ponto de táxi. Aqui fico à disposição da população. Levo passageiro para tudo que é canto. Às vezes pro interior, às vezes para outras cidades: Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Realeza e até Cascavel”, afirmou.
Orgulho de ser lontrense
“Eu me sinto muito bem morando aqui. Sou bem conhecido do pessoal. E a cidade de Salto do Lontra evoluiu muito. Tem boa infraestrutura, é uma cidade tranquila, segura, com boa educação, saúde. Um custo de vida que não é alto. Muito bom de morar, assim como a grande maioria das cidades do Sudoeste do Paraná”, completa.