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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Quando o turismo vai se recuperar da pandemia?

Empresários acreditam que a volta ao “normal” deve ocorrer apenas em 2021.

Ana Paula Marder, Lorrana Santos e Bruna Melo, da CVC Dois Vizinhos.

A Rede Brasileira de Observatórios de Turismo (RBOT), em parceria com o Observatório de Turismo (Obstur/PR) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), produziu um relatório que mostra que empresas de pequeno e médio porte do setor de turismo são as mais atingidas pela crise gerada pela pandemia do coronavírus, com fluxo de caixa suficiente apenas para os próximos dois meses.

No País, 51% dos cinco mil empresários do setor ouvidos no estudo “Sondagem empresarial dos impactos da Covid-19 no setor de turismo do Brasil” acreditam que a recuperação financeira ficará para o ano que vem, 12% disseram que o faturamento deve melhorar depois de 2021 e 3% entendem que não haverá recuperação do próprio negócio.

A reportagem do Jornal de Beltrão conversou com agentes e empresárias da região, para saber quais suas expectativas, e um ponto em comum destacado é que o período de recuperação depende de como se comportará o vírus. Quanto mais demorar o controle da doença ou o surgimento de uma vacina, mais distante fica a volta ao “normal”.

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Mari Fiorentin, da Fenício’s Tur, de Francisco Beltrão, conta que a agência deixou de faturar cerca de R$ 400 mil desde fevereiro. “Se parar até final de julho, início de agosto [a disseminação do vírus], acredito que no primeiro semestre de 2021 a gente consiga voltar ao normal, mas, se passar de agosto, a gente vai ficar 2021 inteiro tentando recuperar os prejuízos”, projeta. As férias de julho, por exemplo, seriam um bom momento de vendas, mas também foram afetadas.

A empresária comenta que está havendo procura, mas muitas pessoas estão com medo e não conseguem tomar a decisão de fechar a compra. “Nós temos todo aquele pessoal que tá aguardando, que ficou com crédito e vai querer usar. E eu acho que as pessoas vão voltar diferentes dessa pandemia, vão voltar mais humanas, mais humildes. Nosso cliente vai voltar com perfil diferente, nós vamos atender diferente também, porque eu acredito que vai ter uma supervalorização, tanto do comprador como do agente de viagem, porque muitos compraram na internet e acabou não dando certo, então talvez valorizem mais a agência.”

Procura maior por destinos nacionais
Na CVC de Dois Vizinhos, as vendas chegaram a cair 95% nos meses de março e abril. Os dois meses seguintes já deram sinais de recuperação, mas com procura maior por destinos nacionais. “Nosso público tem se mostrado mais confortável em viagens curtas, regionais ou no máximo Nordeste brasileiro. Internacionais tem alguma procura, porém, mínima”, diz Ana Paula Marder.

A agente está otimista e estima uma grande retomada ainda para este ano, entretanto, vai depender do comportamento do vírus e das estratégias das empresas para conquistar os clientes. “A cada notícia que surge, a cada atualização do dólar, é uma constante variação de programações e formas de trabalhar, temos que estar atentos e saber adequar os produtos ao momento, ou seja, de nada adianta anunciar uma promoção de viagem para Argentina, uma vez que foi anunciado sua reabertura ao turismo somente a partir de setembro. Essa retomada vai depender mais da inovação dos empresários, das companhias aéreas e de saber o que expor aos clientes em cada momento do que o desejo em si de compra”.

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Empresas podem não sobreviver
Para a empresária Cristina Agostini, da Clauditur de Beltrão, o cenário é menos otimista. Ela conta que desde fevereiro a empresa não fez uma viagem sequer e a dificuldade é grande, com risco para o negócio familiar. “Nos revezamos eu e meu marido no escritório, para não deixar fechado, mas estamos com os funcionários em casa, temos que pagar parcelas de ônibus, os salários, e as medidas tomadas pelo governo não tiveram grandes efeitos. Se o vírus não estabilizar logo, teremos muitas dificuldades, está quase impossível de nos mantermos.”

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