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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

A dramática história do garoto Alejandro

Alejandro, quatro anos, menino querido, educado, simpático, porém um pouco envergonhado.

Alejandro, dor desde os 4 anos.

Fernanda Carbolin – Em outubro de 2018, Alejandro começou reclamar de dor na barriga, já havia uma bola de massa no lado direito, que dava pra sentir, e ali não dava para encostar que ele chorava. A febre acompanhava a dor, febre alta, que só passava por uns minutos após dar remédio, e voltava novamente. Levei ao médico, porém, uma médica não suspeitou de nada, pediu um ultrassom, e receitou amoxilina porque disse que a febre era por conta da garganta que estava inflamada. Ufaaaaa, menos mal, né!

Mesmo dando a tal amoxilina, ele não teve melhoras, aquela dor só piorava. Ele chorava muito, então resolvi levar novamente no outro dia. Chegando lá, logo foi atendido, o médico examinou e com poucas palavras disse que teria que encaminhar para o Hospital São Francisco para fazer um Raio X, pois estava com crescimento no abdômen. Fomos para o hospital, foi feito o raio X, ultrassom e tomografia e havia algo de errado, mas eu nunca suspeitei de nada, além de ser uma pneumonia.

No final da tarde, o médico veio para falar o que estava acontecendo, ele me disse que o menino seria transferido para Cascavel, pois estava com suspeita de tumor, e eu, como não entendia muito disso, ainda perguntei para ele o que era isso, ele me olhou sério, e usou a palavra que nenhuma mãe quer ouvir, ele me disse que ele estava com suspeita de câncer. Ali naquele momento, eu fiquei sem reação, o desespero tomou conta de mim, eu fiquei sem chão, eu não entendia como poderia ter acontecido aquilo com meu filho. Eu queria morrer, afinal, quando eu fiquei sabendo disso, eu só imaginava coisas ruins.

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Ficamos internados no Hospital São Francisco por três dias, até conseguir um leito em hospital de Cascavel. Recebemos muita mensagem de apoio, muita solidariedade, porém, veio mais uma bomba que explodiu na minha cabeça. Ao avisar o “pai” dele que ele estaria com uma doença grave, ele falou que a culpa era minha, que eu não cuidava direito do neném. Poxa, eu que sempre estive ao lado dele, ele foi embora quando o Alejandro tinha menos de 2 anos de idade, e mesmo de longe só piorava a situação.

No dia 13 de outubro de 2018 o menino internou no Hospital Uoppecan, em Cascavel, para descartar a suspeita. Porém, não aconteceu como queríamos, a suspeita foi confirmada, e com isso veio a certeza que ele estaria com tumor no rim. Ficamos internados lá por dez dias. Ele não queria comer, não bebia agua, não queria saber de absolutamente nada. Foi triste, foi doloroso, só eu sei o que eu senti na pele vendo meu filho daquele jeito, mas aos pouquinhos as coisas foram se ajeitando, a febre e a dor tinham passado, eu fui entendendo que aquilo teria cura, ele também ele foi se acalmando, conversei com muitas mães, as enfermeiras me acalmavam, e nos tornamos muito conhecidos aqui, pois o Alejandro encantava a todos.

Entramos com um protocolo de quimioterapia, onde não abalava muito ele. Apesar de ser dose forte, ele continuava firme e forte. Após algumas sessões de quimio, ele fez um exame de ultrassom, onde mostrou que as quimios que ele havia feito não teria diminuído o tumor, como a médica esperava, somente baixou.

Em um outro momento, na consulta, a médica disse que iria fazer uma biópsia para saber qual era o tumor que ele tinha (as primeiras sessões de quimioterapia ele fez sem fazer biopsia), então marcamos o dia e viemos para uma pequena cirurgia. Ao chegar na sala de cirurgia para entregar ele, a dra. me perguntou se eu sabia do procedimento, falei que seria uma biópsia, não?
Ela me disse que não, que haviam estudado o caso dele, e iriam tirar todo o rim dele, que seria uma cirurgia grande, que ia demorar, e me explicou os riscos que ele correria. Eu saí daquela porta aos prantos, me segurando nas paredes, uma enfermeira até me ajudou, pois não tinha mais ninguém comigo, e eu fiquei desesperada, só pensava coisa ruim.

A cirurgia demorou cerca de três horas e meia, e eu não aguentava mais controlar minha ansiedade, eu estava ficando louca, quando finalmente ligaram para mim subir, mas quando a moça da portaria falou que era pra ir direto pra UTI, eu corri, ali eu pensei que tinha acontecido o pior, pois UTI para mim, era uma coisa assustadora.

Chegando lá, ele estava muito inchado, estava delirando, cheio de aparelhos, eu pedi o que estava acontecendo, e a médica me explicou que ele estava assim por conta da anestesia que estava passando. O desespero de uma mãe ao ver aquela cena é muito doloroso, não desejo a ninguém o que nós passamos .

Dois dias e meio na UTI, tudo correu bem, só ficou lá para observação mesmo, saímos de lá para o quarto e ele quis vir buscar a bicicleta na pediatria, eu imaginei que ele não conseguiria andar, e ele saiu correndo com aquela bicicleta. Quem olhava pra ele nem acreditava que ele tinha feito uma cirurgia, ele foi muito forte. Após a cirurgia, um novo protocolo de quimio, fez todas as sessões e encarou muito bem, não dava reação, não tinha intercorrência , tudo deu muito certo, mas nesses dois últimos internamentos, após ir para casa, ele ficou ruim, deu febre, imunidade e plaquetas baixaram muito e estamos novamente internados para a recuperação. Nesse resumo, já se passaram um ano, um mês e seis dias.

Dia 3 de dezembro ele tem uma consulta para marcar a data do novo ultrassom, e ver se o câncer sumiu (Deus vai abençoar que sim). A nossa expectativa para entrar em manutenção e ele estar bem é muita, ele está ansioso para voltar para a escolinha, a mamãe precisa voltar trabalhar, pois as coisas não são fáceis. Por isso, peço muitas orações para ele, que Deus possa abençoar, que essa etapa ruim da nossa vida acabe, e que tudo possa voltar ao normal.

O Alejandro é um menino muito forte, e hoje, lembrando um pouco do que aconteceu conosco, resolvi escrever.

Com todas coisas ruins que aconteceram na nossa vida, conhecemos pessoas incríveis, algumas que nem conhecemos ainda, que nos ajudaram muito em um momento que passamos muita dificuldade, pagamos aluguel, conseguimos ganhar um lote da Prefeitura da minha cidade, e com a ajuda de anjos aqui da terra, estamos construindo uma casinha para vivermos, ainda falta bastante, mas vamos conseguir, pois existem muitas pessoas solidárias. Sou grata a todos que acompanharam nossa história e nos ajudaram.

Em breve, se Deus quiser, quero estar postando que ele está bem, e que tudo voltou ao normal, e pra quem vive reclamando da vida, visite uma sala de oncopediatria, e você vai ver que seu problema não é nada comparado ao que nós e o que muita mães e crianças vivem aqui.

Um grande abraço do Alejandro a todos.

Fernanda Carbolin.

Nota da redação do JdeB
As pessoas que quiserem ajudar a família com dinheiro ou materiais de construção para construir a casa devem entrar em contato pelo fone 3524-0400, com Queli.

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