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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

A medicina evolui e as pessoas podem viver mais, desde que se cuidem

 

Dr. Mário Sérgio Cercio durante sua palestra, na residência
do seu colega cardiologista Clair Azzolini, em Beltrão.

 

 O médico cardiologista Mário Sérgio Cercio, de Curitiba, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), esteve em Francisco Beltrão recentemente, a convite de seu colega Clair Azzolini. Ele deu uma palestra para outros cardiologistas e, no final, respondeu a algumas perguntas para o Jornal de Beltrão. Dr. Mário Sérgio tem 38 anos de profissão e diz que adora o que faz, tanto atender pacientes como dar aulas no curso de Medicina. 

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JdeB – O senhor é igual ao doutor Walter Pécoits aqui de Beltrão, que, enquanto tinha saúde, trabalhou ou o senhor está pensando em se aposentar?
Dr. Mário Sérgio – Não tô pensando em me aposentar nada, não, se eu me aposentar fico doente eu acho, preciso trabalhar. Eu me sinto bem fazendo isso, ajudando o próximo a gente tá ajudando a si mesmo. Eu faço duas coisas que eu gosto muito, uma é dar aula e outra é atender paciente, eu me realizo com as duas coisas.

Pelo que se viu de sua palestra, é preocupante o número de pacientes cardíacos reinternados e isso acontece porque eles não seguem as recomendações médicas?
Em parte é isso, quer dizer, o paciente muitas vezes em 35 dias já está reinternando, por quê? Porque deixa de tomar medicação, deixa de fazer dieta com pouco sal, muitas vezes ele não faz repouso, muitas vezes tem muito estresse em casa e tudo isso piora a essência cardíaca dele, rapidamente ele tem que reinternar, porque doença cardíaca é uma doença grave. Quando o coração falha a sua capacidade de bombear o sangue, nutrir nosso corpo com oxigênio, isso é chamado de essência cardíaca, é às vezes até mais grave que determinados tipos de câncer, a sobrevida desse paciente é menor do que muitos tipos de câncer. Então ele precisaria ir pra casa, continuar tomando a medicação, fazendo dieta, não fumar, não beber e assim por diante.

Ultimamente as drogas que descobriram permitem uma sobrevida maior.
Exatamente. Existe um tratamento que é chamado otimizado, você tem que usar determinadas drogas pros pacientes e tem alguns pacientes que, apesar de você usar todas essas drogas, na máxima dose, ele ainda fica com essência cardíaca. Veio uma droga nova que é chamada Ivabradine, cujo nome comercial é Procoralan, que melhora as sobrevidas desses pacientes, melhora os sintomas de falta de ar o inchaço, o indivíduo sente-se mais confortável e morre 26% a menos do que aqueles que não tomam essa droga.

Não é por saber disso que muitos pacientes também abusam? O que o senhor diz de um paciente que foi submetido a uma angioplastia e não deixou de tomar cerveja, por exemplo?
Eu explico assim pros meus pacientes: se você tem um motor de um carro que fundiu, você leva na oficina e faz a retífica do motor. Aí o paciente pergunta, quanto tempo vai essa angioplastia funcionar? Depende, se você for que nem o dono daquele carro que não troca mais o óleo, que corre muito, que carrega uma pessoa a mais que seu carro pode, ele vai fundir nos próximos 5 mil quilômetros. Agora, se ele trocar o óleo direitinho, se ele andar na velocidade certa, talvez ele pode andar mais 100 mil quilômetros. Então a durabilidade de uma angioplastia vai depender do indivíduo manter o colesterol normal, manter a diabete normal, não fumar, fazer exercícios, não beber e muitos dizem não, retifiquei e vou lá e retifico de novo. É um pouco diferente de carro que você pode retificar 4, 5, 10 vezes. O coração não dá pra fazer isso.

Então o paciente cardíaco pode viver mais, hoje, desde que se cuide?
Desde que se cuide, que tenha, vamos dizer assim, menos vaidade, gente que viva, que tenha uma maneira de viver adequada, que tenha um hobby, que goste da sua família, conviva bem e que faça dieta, pratique exercício e tome a medicação.

É melhor jogar bola uma vez por semana do que não jogar nunca
Muitos dizem que se é pra jogar futebol ou praticar outro esporte só uma vez por semana, é melhor não jogar nunca, está certo?
O indivíduo que joga uma vez por semana e que não faz avaliação nenhuma tá correndo risco. Você pode jogar uma vez por semana, mas você pode estar fazendo algumas avaliações cardíacas pra ver se você pode jogar uma vez por semana, porque aquele indivíduo que não é avaliado, às vezes ele corre risco de vida. Agora vamos imaginar: você vai lá e consulta seu médico e pede um teste de esforço, um teste ergométrico pra você e é normal, você pode jogar uma vez por semana que é melhor do que não jogar. O ideal é o seguinte, o exercício me protege nas próximas 24 horas, então é bom que eu faça exercícios todos os dias, por isso que eu digo que fazer uma vez por semana sem estar fazendo avaliação pode ser perigoso, mas fazer uma vez por semana é um pouco melhor do que não fazer, e fazer cinco vezes por semana é melhor do que fazer uma.

Não é preciso fazer exatamente aquele exercício de jogar bola?
Não, pode variar. Um dia ele corre, um dia ele anda de bicicleta, outro dia ele joga tênis, outro dia ele caminha, outro dia ele joga futebol, esse é o ideal, porque o exercício me protege para as próximas 24 horas, ele mantém minha pressão menos do que estava nas próximas 24 horas. É bom, você joga pra fora aquela agressividade que você não pode falar pro teu cliente, pro teu patrão. Lá no futebol você grita, xinga e bota pra fora tudo aquilo de ruim que a gente às vezes tem.

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