Iniciativas foram tomadas pelo Estado e município, mas número de afastamentos foi alto.
Dados de janeiro a agosto de 2020, disponibilizados pela Secretaria do Estado da Saúde (SESA) ao Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Estado do Paraná (SindSaúde) apontam que, naquele período, 7.550 servidores da saúde pediram afastamento do serviço. Desses, 645 (10,5%) foram por motivos de saúde mental e tiveram crescimento a partir do mês de julho, quando a pandemia começou a se agravar no Estado.
Entre as patologias, transtorno misto ansioso e depressivo e episódios depressivos graves estiveram entre as principais justificativas. Diante dessa situação, a pergunta que fica é: Quem cuida de quem cuida?
Em atenção a esses casos é que o Governo do Estado criou um programa que visa dar suporte psicológico a profissionais da saúde que estão na linha de frente. O “cuidando de quem cuida” acolhe denúncias e oferece acompanhamento com profissionais da saúde mental aos servidores e gestores da Sesa através do número 0800 6455558.
Em uma plataforma, o projeto pede para que os profissionais compartilhem seus sentimentos.
Isso porque, devido à pandemia e as mudanças bruscas de rotina, os profissionais podem sofrer devido ao aumento da carga e do ritmo de trabalho, além do próprio desgaste em enfrentar um vírus invisível.
“Tem observado mudanças em si ou nos colegas? Sente cansaço além do que costumava sentir? Tem sentido vontade de chorar ou irritação? Sente-se muito sozinho? Consegue compartilhar o que está sentindo com colegas e familiares?”, pergunta a plataforma.
Em uma cartilha virtual, o programa também cita quais os sintomas de alertas e as formas para lidar com os conflitos internos em cada situação devem ser levados em consideração (veja box).
Em Francisco Beltrão, a Secretaria Municipal de Saúde não informou quantos profissionais chegaram a pedir afastamento, mas disse que também adotou medidas visando o bem-estar e a segurança dos profissionais da rede, sobretudo os da linha de frente.
Entre elas, estão a reorganização da rede, a fim de garantir espaço adequado para atendimento dos pacientes, fornecimento de equipamentos de proteção individual em quantidades suficientes e adequados aos atendimentos realizados, reforço no número de profissionais com a contratação de enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas e a estruturação de um serviço de comunicação com os familiares dos pacientes, que consta com assistente social e psicólogas.
Também foi concedido o pagamento de um adicional de 20% nos salários dos profissionais que atuam na linha de frente da Covid no pronto atendimento. Ainda segundo a pasta, um programa específico de atenção aos profissionais é elaborado e deve ser divulgado nos próximos dias.