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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Após decisão do STF, jovem realiza sonho de doar sangue: “Eu não podia doar pelo simples fato de ser gay”

Lideranças da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB realizaram ato simbólico de doação de sangue no Hemonúcleo de Beltrão para avaliar cumprimento da decisão da corte e incentivar ato.

O advogado Rone Michel Biazin Mayer, de 28 anos, doou sangue pela primeira vez na semana passada: “Não consigo descrever a sensação”.

 

Lideranças da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Francisco Beltrão doaram sangue na quinta-feira, véspera da Sexta-feira Santa, e marcaram história no município. Isso porque, até o ano passado, homens LGBTQI+ eram impedidos de realizarem o ato, o que foi derrubado após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). De forma simbólica e para avaliar o cumprimento da medida no município, os advogados Rone Michel Biazin Mayer, de 28 anos, e Samantha de Oliveira Koop, 26, foram até o Hemonúcleo e registraram o momento.

“Não consigo descrever a sensação, se era alegria, se era missão cumprida… não sei, era um sentimento muito bom”, comemora Rone, que doou sangue pela primeira vez.

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Antes da decisão do STF, homens que tivessem tido relações sexuais com outros homens no prazo de 12 meses eram impedidos de realizarem a doação de sangue. Quanto aos demais membros da comunidade LGBTQI+ não havia restrição explícita. Por isso, Samantha nunca havia sido impedida de doar, já que presumiam uma heterossexualidade nela, mantendo o hábito há nove anos. O que era diferente para Rone, que disse ter vivido um sonho.

“Sempre foi uma vontade minha. Tive, em outras situações, pessoas da minha família que precisaram de sangue e eu não podia doar pelo simples fato de ser gay. Eu via minha família toda podendo doar e eu não podia fazer nada. Eu me sentia muito impotente porque é uma forma de preconceito. E quando surgiu essa oportunidade, que liberaram para a doação, eu vi uma luz no fim do túnel”, conta o advogado.

Segundo Rone, embora a decisão tenha sido tomada pela corte há alguns meses, ele não havia doado por se sentir inseguro. Outras pessoas chegaram a dizer que a doação só ocorreria se ele negasse a própria sexualidade, algo que nunca foi uma opção para ele.

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“Eu sabia que eu não poderia doar por ser gay e eu sempre me recusei a mentir minha sexualidade pra talvez poder doar. Sempre foi uma meta minha desde que me assumi, de que as pessoas vão me respeitar por quem eu sou e pelo que eu represento, a minha sexualidade é minha não interfere em nada no meu caráter. E desde então eu tenho feito isso, eu sou advogado e exijo respeito aonde quer que eu vá, deixando claro que sou homossexual”, defendeu.

A própria decisão também veio de encontro ao momento em que há um apelo para que doadores busquem o Hemonúcleo, que precisa de pelo menos 30 doações diárias para manter os estoques estáveis.

Para Samantha, o ato serviu para atestar o cumprimento das medidas e incentivar outras pessoas. “Nossa intenção foi estar mostrando para toda a população LGBTQI+ que podem estar se dirigindo ao Hemonúcleo mais próximo e realizando a doação de sangue sem medo de expor a sua sexualidade ou qualquer outra questão de gênero”, frisou.

  

Triadores orientados

Segundo o chefe do Hemonúcleo de Francisco Beltrão, Fábio Ebert, desde a decisão do STF, é perguntado para todas as pessoas, independente da sexualidade, quantos parceiros ou parceiras ela teve nos últimos seis meses. Se for único, a pessoa está apta a doar.

“Já foram orientados todos os triadores a não perguntar e não impedir doadores devido a escolha sexual [sic] e ou gênero.  E sim por prática de risco, pergunta esta realizada para todos os doadores”, disse.

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