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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Atraso na descoberta do diabetes é estimado em quatro a sete anos

Diagnóstico e tratamento precoces evitam complicações irreversíveis da doença.

 

Belga naturalizado brasileiro, Jacques (de azul) descobriu o diabetes tipo 2 ainda no início.

O aposentado Jacques Moinaux, 77, descobriu que tinha diabetes tipo 2 há 35 anos, quando ainda morava na Europa, em uma dessas consultas anuais de rotina que as empresas solicitam aos funcionários. “Todo ano era feito um check-up, por isso descobri a doença bem no início”, lembra o belga, casado com uma brasileira e que mora há 16 anos em Francisco Beltrão.

 

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Endocrinologista Mônica Panza.

A importância do diagnóstico precoce do diabetes é a tomada de medidas que vão prevenir complicações crônicas futuras que são irreversíveis. Estima-se que entre 30% e 60% dos diabéticos do tipo 2 são assintomáticos ou com poucos sintomas. “Por essa razão, o diagnóstico da doença acaba sendo feito tardiamente, com um atraso estimado de pelo menos quatro a sete anos. Com isso, as complicações micro e macrovasculares não raramente estão presentes quando ocorre a detecção inicial da hiperglicemia”, afirma a endocrinologista Mônica Panza.
A especialista fala de danos sérios em pelo menos quatro áreas do corpo: olhos, rins, sistema nervoso periférico e membros inferiores. A começar pela complicação crônica microvascular mais comum do diabetes mellitus: a retinopatia diabética é caracterizada por alterações que progridem de modo gradativo na microvasculatura deste tecido fino e sensível, levando à má circulação retiniana e à formação patológica de novos vasos na retina.
“Tais alterações podem acarretar a perda de visão grave e permanente. Com a progressão da doença, ela tende a acometer a maioria dos pacientes e, no mundo todo, representa uma das causas mais frequentes de cegueira em indivíduos jovens”, comenta Mônica.

Rins e sistema nervoso
Com incidência de 20% a 40% em pacientes com diabetes do tipo 1 e em cerca de um terço daqueles com tipo 2, a nefropatia diabética é a causa mais comum de insuficiência renal crônica terminal. Segundo a médica, estudos demonstram que 60% dos pacientes com a incapacidade são diabéticos tipo 2.
“A doença renal implica risco aumentado para a hipertensão e as doenças cardiovasculares, elevando a mortalidade e reduzindo ainda mais a expectativa de vida na população diabética. Porém, trata-se de uma complicação potencialmente prevenível por meio do controle adequado da hipertensão, dos lipídios e, principalmente, da glicemia”, frisa.
As complicações da diabetes também podem atingir desde um único nervo a todo o sistema nervoso periférico. A neuropatia diabética periférica afeta 50% dos portadores de diabetes tipo 2 e em menor proporção os do tipo 1. 
“Essa complicação é gerada pela exposição crônica à hiperglicemia, ao estresse oxidativo, ao fluxo vascular perto dos nervos de forma diminuída e a processos inflamatórios que provocam alterações na estrutura e na função das fibras nervosas”, cita a endocrinologista. “A expressão clínica disso é bem variável e vai de síndromes dolorosas graves – agudas ou crônicas – a formas sem sintomas que acarretam ulcerações e amputações. Assim, a detecção precoce, orientação e cuidados adequados para os pés reduzem a incidência de úlceras e amputações”, complementa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, neuropatia é responsável ainda por cerca de dois terços das amputações não-traumáticas (que não são causadas por acidentes e fatores externos). Já o pé diabético representa uma das complicações mais nocivas do diabetes mellitus, pois leva ao aparecimento de úlceras que evoluem potencialmente pra amputações. “Sua presença também implica elevada mortalidade e piora da qualidade de vida”, assinala Mônica.

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