No mesmo período, deslocamentos com ambulância pelo Samu caíram 9%; psicóloga explica como se cuidar e o que fazer caso tenha uma crise.
As ligações para a Central de Regulação de Urgências 192 subiram 37,6% em março deste ano em comparação com março do ano passado na região Sudoeste. O aumento significativo, segundo a coordenadoria do Consórcio Intermunicipal da Rede de Urgências do Sudoeste do Paraná (Ciruspar), está ligado a crises de ansiedade.
Em números absolutos, foram 3.990 ligações em março de 2019 contra 5.493 em março deste ano. “Observamos uma redução no número de ocorrências com envio de ambulâncias, especialmente para casos de acidentes de trânsito, porém houve um aumento de 37% das ligações registradas na Central de Regulação em relação ao mesmo período do ano passado”, pondera a coordenadoria do Consórcio Quely Custódio dos Santos.
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Os deslocamentos, que em março do ano passado foram 1.784, agora são 1.618 – uma queda de 9% – e, nos casos de ansiedade, só ocorrem quando o regulador entender que existe risco ao paciente.
Nesse quadro, o paciente pode ser direcionado a hospitais, unidades de pronto atendimento 24horas e pronto atendimentos municipais, conforme a gravidade.

Quarentena e ansiedade
O novo cenário, e que pode explicar a mudança do perfil dos casos atendidos e a flexibilização dos dados, está ligado com os decretos que fecham o comércio e aplicam a quarentena, adotada como medida de segurança no combate ao novo coronavírus (Covid-19).
Com menos pessoas nas ruas, o tráfego diminui e altera o índice de acidentes que necessitem de atendimento de urgência. Por outro lado, lidar com o isolamento torna-se um agravante para o controle da ansiedade.
“Existem alguns fatores que contribuem para o aumento da ansiedade: Primeiro é a incerteza de quanto tempo ela [pandemia] vai durar e de como as pessoas vão passar a se comportar. A quarentena aumenta ainda os níveis de estresse porque gera dois extremos no convívio social, de um lado nos afastamos de amigos, colegas e companheiros de trabalho, deixando de vivenciar relações sociais que são importantes para nós. E de outro lado intensificamos o convívio com as pessoas que moram conosco, a família em si (pais, avôs, maridos, filhos) o que gera um aumento de atrito e desentendimentos”, explica a psicóloga do Ciruspar, Francieli Perondi, que cita também o fator medo e o excesso de informações descontroladas, seja para um futuro catastrófico ou negando a situação, como potencializadores dessas crises.
Como agir
A orientação da profissional é que se mantenham autocuidados, com equilibro de atividades físicas e mentais. Dormir bem, alimentar-se de forma equilibrada, beber muita água, fazer algum tipo de exercício (de respiração, relaxamento, meditação, ou então ações físicas como tarefas domésticas), manter contato, ainda que virtual, com parentes e amigos, e praticar atividades prazerosas (ler, ouvir música, assistir, cozinhar) são algumas dicas para cuidar desse momento.
Outra dica importante é filtrar as informações que recebe, buscando dados oficiais do Ministério da Saúde e por órgãos de imprensa confiáveis.
Caso a crise aconteça, Francieli cita algumas estratégias práticas que podem ser aplicadas. “Primeiro respire, calma e profundamente, para que haja tempo de oxigenar o cérebro. Faça perguntas a si mesmo para que você consiga focar no momento presente: Qual seu nome, onde você está, que dia é hoje (e assim por diante). Depois foque em objetos ou cores do ambiente e descreva-os para si mesmo, por exemplo: vejo uma porta de madeira marrom com um trinco prateado… Isso serve para que seus pensamentos voltem ao momento presente. E por último, tente racionalizar, sentir o seu corpo desacelerando, o coração voltando ao batimento normal, a respiração acalmando. Repita para si mesmo que é só uma crise, que vai passar e que você não está em perigo real. Após a crise, o ideal é tentar identificar qual foi o gatilho que a desencadeou, e se possível procurar atendimento psicológico para tratar das causas. Lembrando que o atendimento online já é realizado por muitos profissionais da área.”