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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Coronavírus: Pânico pode ser tão prejudicial quanto a doença orgânica

Psicólogos alertam para importância da saúde mental em tempo de pandemia.

O momento justifica o pânico? “É muito difícil generalizar nessas situações, porque cada pessoa é única, apresenta suas singularidades, e a forma como nós nos relacionamos com a doença também é muito individual. Há pessoas que têm temor maior por doenças, porque isso remete às suas experiências, aos seus traumas, e há pessoas que lidam de forma mais tranquila. Quando falamos em pandemia, há um contexto social; isso pode sim fazer com que as pessoas que já tenham essas experiências traumáticas vejam isso com um significado muito maior”, responde Jaqueline Tubin Fieira, psicóloga clínica.

Segundo Jaqueline, essa situação ocorre porque a todo momento somos bombardeados de informação que, ao mesmo tempo que ajudam, também podem gerar estresse. Isso se deve principalmente à divulgação de informações incorretas, as fake news, que causam ansiedade. “Um dos cuidados pra evitar esse pânico é fugir das falsas informações e procurar informações de dados oficiais e, se necessário, se desligar das mídias.”

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Ela ressalta que não estamos preparados pra enfrentar uma pandemia e isso gera reações emocionais intensas. Esse caos psíquico pode não ser facilmente enfrentado, porque afeta as pessoas de uma forma direta e causa o pânico, uma vez que não se tem informação exata do que está acontecendo. “É uma doença nova, as pesquisas são recentes e sempre ficamos em dúvida no que acreditar ou não. As pessoas em geral recebem informações sem filtro, esse alarde de informações não-oficiais. Em caso de uma reação de pânico intensa, isso pode ser tão prejudicial quanto a doença. Nossa saúde mental é tão importante quanto nossa saúde orgânica.”

Jaqueline observa ainda que estamos lidando com a morte, que é um assunto tabu, difícil de ser comentado, que causa dor, e o pânico pode sim surgir até em massa e pode ser muito prejudicial, porque pessoas em crise, com a saúde mental debilitada, podem ter mais dificuldade no enfrentamento da doença.

“Em caso de uma reação de pânico intensa, isso pode ser tão prejudicial quanto a doença”, comenta Jaqueline Tubin Fieira.

 

Vulnerabilidade ao vírus
Érico Péres Oliveira, psicólogo e psicanalista, destaca que estamos vivendo algo sem precedentes. “Por mais que já tenhamos imaginado uma situação semelhante, principalmente com a ajuda de filmes e séries, é a primeira vez que experimentamos de forma real. Estar diante do desconhecido, mesmo em situações mais comuns, como uma entrevista de emprego ou um primeiro encontro, já tende a trazer algum nível de ansiedade. Ao se deparar com o desconhecido que coloca a saúde em risco, a tendência é que a ansiedade transborde.”

Ele alerta que o pânico, gerando ansiedade e outros sintomas psicológicos, pode fragilizar a saúde, afetando a imunidade, aumentando a vulnerabilidade ao vírus. “É importante que saibamos proteger não somente nosso corpo, fazendo uso de álcool em gel e lavando as mãos, mas também priorizando nossa saúde mental. Percebendo nitidamente que a melhor proteção é ficar em casa, não podemos deixar nossa cabeça ociosa. Em tempos de quarentena, sugere-se a busca de atividades como ver séries e filmes. Ler aquele livro que há tempos aguarda na estante também é uma ótima opção. Videogame, jogos de tabuleiro e cartas também podem auxiliar. Para as crianças, importante que se mantenha também uma rotina de atividades. Sem descuidar das notícias, precisamos povoar nosso tempo com ações que nos coloquem em movimento mesmo dentro de casa. Assim, estaremos cuidando de nossos corpos e também de nossa saúde mental.”

“Precisamos povoar nosso tempo com atividades que nos coloquem em movimento mesmo dentro de casa”, diz Érico Peres Oliveira.

 

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