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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Cuidadores driblam distância da pandemia com tecnologia e presentes a idosos

No ano internacional dos profissionais da saúde e cuidadores, categoria se mostra ainda mais importante levando longevidade ao grupo de risco.

Fotos tiradas antes da pandemia mostram trabalho dedicado desenvolvido no Recanto.

O Recanto da Vovó Irene completava os primeiros 45 dias em Francisco Beltrão quando precisou fechar as portas devido à pandemia do coronavírus em 2020. O sonho, nascido em 2019, recém havia se materializado, e vinha para dar ânimo e provar que a melhor idade mora na chegada da velhice.

Mas a distância provocada compulsoriamente pelo vírus não os afastou. Por meio da internet e do WhatsApp, cuidadores se mantiveram presentes na vida dos idosos que acompanhavam.O ano de 2021 foi designado como o ano internacional dos profissionais da saúde e dos cuidadores.

Levados pela compaixão e a empatia, são eles que se colocaram na linha de frente da luta contra o coronavírus ou que cuidaram daqueles que estavam no maior grupo de risco da pandemia: os idosos. No Recanto da Vovó Irene, o cuidado e atenção permaneceram ativos mesmo com a distância.

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Um dos sócios fundadores, o enfermeiro Jacir Koncikovski, de 40 anos, que já teve uma longa carreira no Samu, disse que o atendimento permaneceu nas trocas de mensagens e no envio de lembranças, para que, de alguma forma, se mantivessem presentes na vida daqueles que não estavam mais presencialmente juntos.  

“Até algumas visitas foram feitas, com todo o cuidado, na casa das famílias, para ver como que estava o idoso”, diz. “Mandávamos um presente, uma lembrança… isso para manter o vínculo e não deixar eles desassistidos.”

Segundo Jacir, a medida vinha pelo elo criado já no início das atividades do Recanto e tem a ver com a missão dos cuidadores. “Além de cuidador eu falo como enfermeiro, como profissional da saúde. Temos o carinho, o amor pela profissão. Porque, para ser um cuidador, tem que querer muito bem ao próximo (…) E esse carinho ao atendimento deixa eles ativos novamente, ajuda na longevidade, na parte cognitiva, fazendo eles pensar novamente, movimentar o corpo, ficar alegres. Com certeza isso faz bem e aumenta o tempo de vida. Eles vivem com maior qualidade.”

 

Um recanto para a melhor idade Inaugurado no início do ano passado, o Recanto da Vovó Irene, que leva o nome da mãe de Jacir, hoje com 64 anos, foi pensado pela irmã do enfermeiro que queria propor um espaço de acolhimento diferente dos asilos comuns. A ideia era de que o local se tornasse um espaço de convivência entre idosos, onde pudessem desenvolver várias atividades, assistidas por profissionais.

No início, conta Jacir, houve resistência de alguns, que foram até o local para conhecer, próximo à Chácara Rios, na PR 483, Água Branca, em Francisco Beltrão, mas que acabaram se tornando frequentadores.

“O idoso tem muito medo de ser maltratado, abandonado. O recanto veio para mudar isso. Para proporcionar o contrário, que é um atendimento de qualidade com o maior carinho do mundo”, diz Jacir. No espaço eram oferecidas atividades lúdicas, jogos, dança, passeios em meio à natureza, refeições completas, além de toda a assistência da equipe multiprofissional, composta por enfermeiro, técnico em enfermagem, fisioterapeuta, cozinheira, nutricionista, professora de Educação Física e demais cuidadores. 

O espaço chegou a ter 14 idosos participando ativamente, antes da interrupção do serviço. Houve quem ligou pedindo o retorno, mas a responsabilidade ética e sanitária pelas vidas dos idosos fez com que o espaço permanecesse com as portas fechadas.Mas se a saudade despertou nos idosos, muito mais nos cuidadores, que escolheram a profissão pela paixão em trabalhar com esse público. 

“Até hoje o convívio, o carinho que temos por eles, permanece. Vejo as fotos e vídeos que a gente posta, já tem alguns ali que se perderam, e quando postamos os vídeos, há familiares que entram em contato, mandam mensagem pra gente: “saudade da mãe, saudade do pai’… porque eram bem tratados. Iam com carinho e com felicidade lá. E como eles, a gente sente também”.

Dos 14 idosos que frequentavam o local, pelo menos três morreram no último ano. Jacir não sabe o motivo, mas são pessoas que, quando o Recanto da Vovó Irene retornar às atividades, farão falta para todos.  

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