No Dia D de Combate à Dengue, ontem, órgãos da saúde tentaram chamar a atenção da população para ações simples que eliminam criadouros em casa.

Aedes aegypti. Em apenas cinco dias, ele começa a picar e transmitir
a dengue, a febre chikungunya ou o zika vírus.
Foto: Tiago Moreira/Jdeb
Cinco dias. Esse é o tempo que o Aedes aegypti e seu primo menos famoso, o Aedes albopictus, levam, no verão, para crescer e adquirir potencial para transmitir a dengue, a febre chikungunya e o zika vírus. Quanto maior o calor, menor o ciclo reprodutivo do mosquito, que depois terá um período de vida de 30 a 60 dias. No inverno, o ciclo é maior, podendo chegar a 21 dias.
Por isso as campanhas dos órgãos de saúde reforçam a importância de se vistoriar o quintal de casa ao menos duas vezes por semana, procurando por lixo reciclável acondicionado indevidamente, ralos, lajes, calhas, plantas, entulho, caixas d’água e cisternas que possam acumular água da chuva ou servir de berçário para o mosquito.
“O principal responsável por controlar o Aedes é o morador, proprietário do lote, imóvel, estabelecimento comercial. Um agente de controle de endemias, em seu trabalho normal em um município infestado, visita no máximo seis vezes um imóvel no ano, nos demais dias, a responsabilidade é do cidadão. Para isso, são necessários apenas 10 a 15 minutos uma ou duas vezes por semana”, afirma Benvenuto Juliano Gazzi, chefe da Divisão de Vigilância em Saúde da 8ª Regional de Saúde, que alerta ainda para o crescente número de cisternas sendo instaladas nas residências.
“De modo algum somos contra as cisternas, elas economizam água, mas devem ser bem vedadas para não criar um imenso nascedouro do Aedes”, aconselha.
Dia D
Ontem, Dia D de Combate à Dengue no Paraná, diversos municípios da regional desenvolveram atividades educativas e até mesmo mutirões – embora este não seja o foco do Dia D. Em Francisco Beltrão, o setor de Combate a Endemias saiu com carro de som e um “mosquitão” da dengue pelas ruas, chamando a atenção para as doenças que o Aedes pode transmitir. A Prefeitura também deu sequência ao arrastão na Cidade Norte, recolhendo lixo e entulho naquela região. “O objetivo é tentar conscientizar cada cidadão, empresário, liderança comunitária a fazer a sua parte em casa, no trabalho, em propriedades como lotes baldios, construções etc.”, comenta Bruna Oliveira de Freitas, coordenadora do setor de Combate a Endemias de Beltrão.
Os últimos índices de infestação mostram que a microrregião precisa trabalhar melhor na eliminação de possíveis criadouros. Seis municípios estão com Liraa (Levantamento Rápido de Infestação por Aedes aegypti) acima de 4%, isto é, possibilitam epidemias em grande escala e de difícil controle. Outros quatro municípios têm Liraa entre 1% e 4%, o que facilita a ocorrência de surtos e/ou epidemias. Nove cidades estão com índice abaixo de 1%, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que dificulta a ocorrência de surtos e/ou epidemias. Em Beltrão, o índice é de 5,7%, isto é, a cada 100 estabelecimentos ou residências, aproximadamente seis possuem focos do mosquito.
“Parece que as pessoas não dão o devido valor à dengue, subestimam. A dengue pode matar e tem levado pessoas a óbito no Paraná e muitas no Brasil. Além disso, temos também a chikungunya, que causa incapacidade física, que pode levar anos de tratamento, e o zika vírus, que inicialmente foi tratado como uma dengue mais leve, mas hoje prova ser tão terrível quanto, pois em gestantes pode causar a microcefalia em seus bebês, uma condição sem tratamento”, alerta Gazzi.
Multa em caso de foco do mosquito
Em outros estados, o Poder Público está começando a multar moradores e proprietários de locais com foco de Aedes. Em Beltrão, a legislação municipal permite a aplicação de pena entre R$ 400 e R$ 3 mil em casos de reincidência, mas “é preciso abrir um processo administrativo, que é lento e burocrático”, reclama Bruna. Em recados e debates no rádio e nas mídias sociais, há quem defenda a punição em dinheiro. Bruna diz que vai solicitar ao Legislativo alteração na lei, permitindo multar na hora em que o foco for encontrado, “nem que seja R$ 50 reais, só para sentir no bolso”.