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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Depressão: Doença acomete 350 milhões de pessoas no mundo

 

Estima-se que uma em cada dez pessoas possui esse problema. www.nossagente.net

Por Loidi Ferst

A recente morte dos atores Robin Williams (EUA) e Fausto Fanti (Brasil), ambos por suicídio, reacendeu a discussão sobre a depressão. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem dessa doença. Estima-se que uma em cada dez pessoas possui esse problema, que é a responsável por até 90% das tentativas de suicídio.

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 Psicólogo e psicanalista Érico Peres Oliveira,

 

De acordo com o psicólogo e psicanalista Érico Peres Oliveira, a depressão é um transtorno que afeta a motivação e o sentido da vida. “A depressão é a consequência de quando o desejo se encontra bloqueado. Quando nossa vida vai tomando caminhos que não faziam exatamente parte da nossa expectativa inicial, por exemplo, o corpo começa a reagir, transparecendo um sofrimento. Os sintomas aparecem para dizer que algo não está bem, que algo não está encaixado. Enfim, a sintomatologia é somente a ponta de algo mais profundo”, explica. 

É importante ressaltar que nem sempre estar triste ou ter passado por um processo traumático significa que isso irá desencadear a depressão. A tristeza é uma reação normal às situações da vida, tais como lutas, perdas, derrotas e decepções. A depressão é muito mais do que tristeza, é uma doença que afeta a saúde, o corpo, o humor e o comportamento.   

Como se manifesta

Os sintomas mais comuns da pressão são a tristeza, sentimento de culpa e inutilidade, desânimo, dificuldade de concentração e para tomar decisões, os choros constantes e perda de interesse nas atividades diárias. Érico afirma que, “de fato, pensar na depressão é perceber a dificuldade de estabelecer planos futuros. Muitas vezes os sintomas mais tradicionais não estão aparentes, e sim dores no corpo e dificuldade de ver o brilho das coisas”. 

Nos casos mais extremos a pessoa passa a ter ideias recorrentes de morte ou suicídio. “A situação mais derradeira é quando o indivíduo passa a acreditar que não há solução. A dor é tão intensa que se torna impossível pensar em qualquer meta a curto, médio ou longo prazo. Diante de um sofrimento tão extremo é que a ideia de suicídio passa a preencher os pensamentos da pessoa depressiva. Todavia, mesmo em uma situação grave, é possível reverter com tratamento”, esclarece Érico. 

 

Tratamento
A depressão tem cura, mas é indispensável o acompanhamento de um psicólogo, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado. “Através do tratamento é possível entender o que está causando os sintomas. Precisamos entender que cada pessoa é um universo e, a partir dessa máxima, podemos pensar que a causa de uma depressão é muito particular. Cada indivíduo precisa olhar para dentro de si e buscar o que está acontecendo. O psicólogo ou psicanalista ajuda a trazer à tona tais memórias. Já a medicação auxilia na atenuação mais imediata do sofrimento. Todavia, a medicação é paliativa. É preciso somar os remédios e o tratamento analítico para que uma evolução do quadro possa dar certo”, orienta o psicólogo.  

O depoimento de alguém que teve depressão
“Meu nome é Gisele Barbieri, tenho 34 anos, sou professora e fotógrafa. No ano de 2012, no mês de maio, comecei a sentir sintomas de muito cansaço, desânimo, humor depressivo, irritabilidade, ansiedade e angústia, necessidade de maior esforço para fazer as coisas, incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis. 

Sentia dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos. Eu não podia ouvir as crianças gritando ou pessoas falando que já me irritava. Me alertaram a procurar um psiquiatra para saber o que estava acontecendo comigo, pois sabia que não estava no meu normal. Então, depois de muitas sessões, a doutora chegou à conclusão que, devido a tantas mudanças que ocorreram em minha vida, muitas responsabilidades impostas desde mais nova e minha personalidade ser um tanto perfeccionista, isso acabou transbordando de alguma maneira, e fui diagnosticada com depressão. 

Fiquei seis meses afastada do meu trabalho, ficava somente trancada em casa, não queria ver ninguém, quando saía, era apenas para pegar remédios. Caía muito na rua, quando me dava conta, estava no chão. Foram uns longos meses, com pensamentos ruins de suicídio, tinha muito medo, a insegurança era muito forte. 
Mas nas sessões de terapia com a psiquiatra resolvi entrar num outro ramo que amo muito, a fotografia. Até porque precisava de alguma maneira ocupar minha mente, para não cometer alguma loucura. Sofri muita discriminação na época por meus colegas de trabalho, também por muitas vezes eu tentar “disfarçar” o que estava sentindo. 

As pessoas me humilhavam e eu ficava quieta, pois não tinha forças para reagir. Mas, mesmo assim, com tanta tristeza, dor e angústia, consegui tirar forças para vencer. Procurei Deus primeiramente, voltei a rezar, ter fé para lutar e mudei meu estilo de vida. Comecei a cuidar mais de mim. E graças a Deus consegui, com muita persistência e muito esforço, tirar aos poucos essa doença horrível da minha vida. E sempre busco lutar pelos meus objetivos com garra, perseverança e muita fé.” 

Como prevenir a doença
 Para prevenir a depressão há algumas sugestões. As pessoas devem manter bons hábitos alimentares, fazer regularmente exercícios físicos, dar bons passeios ao ar livre, estar sempre perto de quem se ama e faz bem. Apesar de ser comum grande parte das pessoas passarem por momentos tristes, sempre que reconhecer em si os sintomas já mencionados, não deixe de procurar ajuda médica.  

A informação sobre a depressão de Robin Williams foi divulgada apenas após a sua morte e ele, assim como Fausto Fanti, escondia a doença através da comédia. Mas isso não significa que comediantes, pessoas que nos fazem rir, são mais propensos à depressão e ao suicídio.  

“O que chama atenção nestes dois casos é a antítese da pessoa que faz rir estar sofrendo de uma doença cujo sintoma principal é a tristeza e o choro. Porém, não quer dizer que o comediante está propenso a desenvolver um quadro depressivo. Existem outras profissões, como os professores, por exemplo, que estão mais suscetíveis a desenvolver essa patologia”, diz o psicólogo Érico Peres Oliveira.
 

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