O paciente é morador do interior. Doença é transmitida pelo xixi do rato.

O primeiro caso de hantavirose na região de Francisco Beltrão foi detectado pela 8ª Regional de Saúde. O paciente é agricultor e tem 58 anos. Sua propriedade fica próximo à área urbana. Conforme informações do médico veterinário Eraldo Machado, da Vigilância Sanitária da 8ª Regional, que acompanha o caso, o homem fez a roçada em área onde sabia existirem cobras e muitos ratos silvestres, fez a queima e a retirada do material roçado possivelmente com urina de rato contaminado e pode ter se infectado nesta atividade. Outra hipótese é que a inalação destes contaminantes possa tê-lo infectado.
Eraldo disse que está sendo feita a investigação do caso. Ele visitou a propriedade e constatou que o agricultor se encontra em recuperação. O paciente esteve internado por seis dias e depois, por não ter melhorado, foi internado novamente, por mais 10 dias, quando então foi diagnosticada a doença. “Está em lenta recuperação, sem apetite e muita fraqueza”, diz o veterinário ao JdeB.
Eraldo tem mantido contato com os técnicos da área de saúde de Barracão para traçar as estratégias de ação, visando o controle da doença, a divulgação na mídia e as capacitações para as pessoas que trabalham na saúde.
A doença pode ser confundida, no início, com uma simples gripe, porque apresenta febre, dor de cabeça e pelo corpo todo. A hantavirose faz parte das doenças chamadas ictero-hemorrágicas que se iniciam assim e, posteriormente, podem atingir o fígado, rins, pulmões e coração. Outras doenças dessa classificação seriam a dengue, leptospirose e chikungunya.
O médico veterinário revela que é o primeiro caso de hantavirose na área de abrangência da 8ª Regional de Saúde e preocupa, “pois é uma doença nova em nossa região e pega todos nós de surpresa, podendo passar muitos casos desapercebidos”. Ele acrescenta que a doença preocupa também por ser grave, tem alta taxa de mortalidade – em torno de 30% a 40% – e atinge em grande parte as pessoas do meio rural, onde reside boa parte da população do Sudoeste. “Grande parte dessa letalidade é devido à demora na procura médica ou pela demora em se descobrir o diagnóstico da doença”, sublinha Eraldo.
Alerta à população
Em função destas situações expostas, Eraldo argumenta que, “dessa forma, precisamos alertar e deixar sensíveis todos os profissionais da área da saúde, principalmente sobre a investigação inicial do paciente: no que ele trabalha, quais as atividades que andou fazendo nos últimos 20 dias, também a coleta de material para análise confirmatória da doença é importante”.
Ele salienta que a população precisa ser informada sobre esta doença, os cuidados sobre a prevenção, como o uso de EPIs (luvas e botas), não varrer, levantar o pó das casas, galpões e depósitos abandonados, pois nestes locais há circulação de ratos. Eraldo recomenda, também, busca do atendimento médico quando a pessoa apresentar os sintomas de suspeita de hantavirose.
Hantavirose é doença emergente
Portal Saúde
Nas Américas, a hantavirose é considerada uma doença emergente e se manifesta sob diferentes formas, desde doença febril aguda inespecífica, cuja suspeita diagnóstica é baseada fundamentalmente em informações epidemiológicas, até quadros pulmonares e cardiovasculares mais severos e característicos. Nesse continente, a hantavirose se caracterizava pelo extenso comprometimento pulmonar, razão pela qual recebeu a denominação de síndrome pulmonar por hantavírus (SPH). A partir dos primeiros casos detectados na América do Sul, foi observado importante comprometimento cardíaco, passando a ser denominada de Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH).