Ele diz que o momento não é de alarde, mas de alerta.
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Dr. Redimir Goya: informações à população.
Foto: Flávio Pedron/JdeB
O médico pneumologista Redimir Goya, de Francisco Beltrão, acredita que o coronavírus deverá chegar ao Brasil. Até porque já existem casos suspeitos sendo investigados pelas autoridades médicas. Dr. Redimir disse que as pessoas não devem ficar apreensivas, mas em alerta para o problema e buscar informações
Em relação à região Sudoeste, o médico acha que as pessoas devem esperar o desenrolar deste problema. Ele não acredita que o vírus possa vir por containers que são transportados por navios que vêm da China com produtos os mais diversos para o Brasil. Dr. Redimir que as cargas por navio demoram dias para chegar ao País e que o vírus pode ficar ativo por 14 dias.
No entanto, ressaltou que é bom ficar em alerta e buscar informações fidedignas.
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Confira a entrevista:
JdeB – Dr Redimir, tem se falado que esse vírus, o coronavírus, teria se originado em mercado popular da China. Isso é folclore? Fake news ou isso é verídico mesmo?
Dr Redimir Goya- Sim, isso de fato pode ocorrer, não vou dizer pra você que é verídico mas, tem todos os componentes pra que ocorra isso, porque há uma grande aglomeração de pessoas, uma grande aglomeração também de animais – que muitas vezes não se conhece a procedência. Então, pode acontecer sim, de alguns desses animais terem contaminado várias pessoas e essas pessoas, depois passaram de indivíduo pra indivíduo. O grande medo agora é que, esse vírus exista uma transmissão interpessoal, e mesmo as pessoas que não frequentaram o mercado, agora, também já estão sendo contaminadas com esse vírus. Então, essa que é a grande questão: a transmissão interpessoal desse novo coronavírus.
JdeB- Ontem a OMS (Organização Mundial de Saúde) emitiu um alerta mundial, de que as pessoas devem ter cuidado, devem ficar em alerta. O senhor acha que há motivos pra essa apreensão mundial?
Dr Redimir- Sim, já existem vários casos em outros países, ontem [quinta-feira, 30] me parece que eram 19 países, mas existem casos. Eu acho que, não é em uma apreensão, mas um alerta pra sociedade, um alerta dos países pra que possam prevenir esse tipo de infecção ou epidemia em outros países.
JdeB- O senhor acha que o Brasil também tem chance de ter casos, de chegar até o interior do Brasil essa doença? Já que no Brasil, nós temos um comércio muito forte com a China.
Dr Redimir Goya- Eu acho que sim. Existe sim, a possibilidade, lógico que é mais remota que os países mais desenvolvidos que mantém um comércio mais intenso com a China, como a Coreia, o Japão, os Estados Unidos. Então, eu acho que nesses países são mais arriscados. No Brasil, existe sim um risco e esse risco é maior nas cidades grandes, nas cidades menores eu acho que, a probabilidade é um pouco remota, principalmente porque existe uma questão do clima. Geralmente, os vírus contaminadores, se propagam mais no inverno, e como nós estamos agora num clima quente, e até chegar o nosso inverno, esse vírus deve estar mais controlado. Então, o clima nos favorece um pouco em relação a isso.
JdeB – Dr. existem muitos containers que vão e vem do Brasil para a China, e pra outros países também. O vírus pode se propagar via containers?
Dr Redimir – Não, eu acho que esse risco não tem. Por enquanto, veja bem, faz um mês que foi reconhecido esse vírus, então tem muita coisa que ainda está pra ser descoberta. Mas, a transmissão é interpessoal, então a transmissão de objetos – ainda mais objetos que ficam em containers um longo tempo expostos, um longo tempo nessa viagem, ele acaba até servindo como uma barreira.
Hoje, o que se sabe desse vírus, é viável por pouco tempo. Tanto é que as pessoas que têm contato, que são suspeitas, o isolamento é por 14 dias. E nós sabemos que um container ou qualquer mercadoria que se compra na China, demora mais que duas, três semanas pra chegar aqui. Então, até esse próprio lapso de tempo é uma barreira pra que esses objetos contaminem outras pessoas.
JdeB – Nos consultórios também se reflete uma certa apreensão da questão desse vírus? O senhor tem percebido alguma coisa?
Dr. Redimir – Não, por enquanto não. Como não tem nenhum caso confirmado, a nossa população ainda está tranquila, esperando pra ver se há uma confirmação ou não, principalmente pra nós do interior, isso também nos fortalece como barreira geográfica. Mas, por enquanto, não está havendo. Há, sim, um interesse, uma procura por informações sobre isso, mas não um alarme ou grandes movimentos em relação a isso.
JdeB – Em termos de tratamento, o que o senhor sabe sobre essa questão desse tipo de vírus?
Dr. Redimir – Veja bem, esse tipo de vírus é conhecido desde 1960 e, normalmente ele é inofensivo, ou seja, ele não causa grandes epidemias. Teve dois casos, dois surtos: um foi em 2002 – que foi a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) – que ocorreu na China; e em 2012, que ocorreu uma epidemia na Península Arábica, que alguns casos fora de lá, se não me engano, na Coréia. E que, infelizmente, mesmo nesses dois episódios, não teve um tratamento específico.
Então, nesse terceiro aqui, pode ser que apareça um medicamento que seja específico. Mas, por enquanto, não há nenhum tratamento específico pra isso. A nossa esperança, é o desenvolvimento de uma vacina, que pode ser desenvolvida, existe uma perspectiva que surja uma vacina pra prevenir a contaminação ou infecção por esse vírus. Mas um medicamento e um tratamento específico pra essa doença não existe.
JdeB – Aqui na nossa região, o senhor acha que as pessoas já devem tomar alguma precaução?
Dr. Redimir Goya – Não, eu acho que nós ainda estamos naquela fase de aguardar como é que vai evoluir. Pode ser que até chegar a época, essas coisas todas, a gente já tenha maiores medidas preventivas, e eu acho que o que a população deve fazer, é sempre se informar sobre isso, sempre acessar fontes dignas, como o Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde, ou a própria mídia informar a população. Então a população tem que estar informada, mas isso não é um motivo de alarde ou de muita preocupação em relação a isso.