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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

É preciso debater e descomplicar o vegetarianismo

Especialistas defendem que haja acompanhamento nutricional; Ministério da Saúde desenvolve guia sobre alimentação saudável.

 

Independente da opção, orientação do Ministério da Saúde é que todas as pessoas prefiram alimentos frescos
e uma dieta equilibrada. 
Foto: CNA Brasil

Há 13 anos, a arte finalista Danieli Zimermann Freese, de Francisco Beltrão, decidiu se tornar vegetariana. “Naquela época, não se falava muito sobre o assunto, eu não conhecia nenhuma pessoa que não comesse carne e o que me incentivou foram minhas pesquisas na internet”, relata a jovem de 29 anos. 

Contudo, quando optou pelo novo estilo alimentar, Danieli não era muito preocupada com sua saúde, apenas achava que proteínas animais não fazia sentido. “Ouvi muita gente dizendo que era uma fase, que era frescura e que logo iria passar, mas é preciso ter jogo de cintura para lidar com muitas situações. Com o passar do tempo, fui buscando mais informações sobre nutrição e receitas e hoje acho importante que a saúde esteja em primeiro lugar”, revela.

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A beltronense Danieli Zimermann Freese
optou pelo vegetarianismo há 13 anos e
acredita que no futuro esta será a
opção da maioria.
Foto: Arquivo pessoal

Cuidar da alimentação é sempre importante. Prestar atenção nos alimentos, grupos alimentares, combinações de alimentos, preparações culinárias, deve ser um hábito diário para que o nosso corpo tenha energia e saúde. Mas algumas pessoas optam por restringir a alimentação por uma série de fatores, sejam sociais ou de saúde. Existem pessoas que não podem ingerir glúten, outras que não podem consumir lactose, e outros que não comem carne ou outros tipos de derivados animais, chamados de vegetarianos e veganos. Parar de ingerir um tipo de alimento pode não ser prejudicial para a saúde, como se escuta por aí, mas quando deixamos de comer algum grupo alimentar, como as carnes, por exemplo, é necessário ter uma atenção ainda maior para a combinação dos alimentos.

O Guia Popular para a Alimentação Brasileira reforça que o consumo de carnes ou derivados de animais não é imprescindível para se ter uma alimentação saudável, e que mesmo vegetarianos precisam evitar o consumo de alimentos ultraprocessados e dar preferência a alimentos mais naturais. Entretanto, ainda existem dúvidas a respeito do vegetarianismo, como quais os benefícios e malefícios para o corpo.
A nutricionista e coordenadora do departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), Alessandra Luglio, explica que cada vez mais pessoas têm se tornado adeptas do vegetarianismo. Por isso há a necessidade de desmistificar e descomplicar o assunto. “Como toda mudança que envolve hábitos diários e a saúde, a opção pelo vegetarianismo deve acontecer sempre com conhecimento sobre o assunto. Por isso é importante buscar informações, e se possível procurar o nutricionista para que exista uma adequação da alimentação com mais segurança.”

Mas afinal, quando e como parar de comer carnes? 
Alessandra explica que isso pode variar de acordo com os hábitos da pessoa e a maneira de como ela se alimenta. “Se a pessoa vive dentro de um padrão alimentar equilibrado e saudável, e tem o hábito de comer alimentos mais nutritivos, não vai ter problema de tirar a carne. Agora, se ela viver com a alimentação à base de refinados e processados, ela já desenvolveria deficiências nutricionais, mesmo com a proteína da carne. Entretanto, a gente indica que para fazer essa mudança e garantir a saúde é preciso rever os atos gerais da alimentação”.
Outro ponto importante também se refere à falsa ideia de que pode existir carência nutricional por conta da restrição a carne. “Existem pessoas que se alimentam de tudo e tem uma grande carência nutricional”, reforça a nutricionista. Ela explica que a carne é rica em alguns nutrientes como o ferro e o zinco por exemplo, que podem facilmente também serem encontrados em alimentos vegetais, e que a exceção fica por conta dos veganos (que não comem nenhum derivado animal). Estes precisam ficar atentos a vitamina B12.
Já entre os benefícios de ser vegetariano, a nutricionista da SVB explica que é possível especificar três coisas: maior disposição para realizar as atividades do dia a dia, digestão mais rápida e aumento de consumo de cereais, leguminosas e frutas. Com o aumento do consumo de fibras, melhora o funcionamento do intestino.
Apesar de não ser elaborado especificamente para a alimentação vegetariana, é possível encontrar algumas dicas de alimentação saudável no Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. 
Para a vegetariana Danieli, abolir a carne da alimentação não é tão difícil como pensam. “Não comer carne não é tão difícil, pois a variedade de alimentos do nosso País é maravilhosa, mas como nossa cultura é muito acostumada a ter carne em todas as refeições, muitas vezes deixamos de conhecer pratos muito bons. Hoje as palavras ‘vegetariano’ e ‘vegano’ deixaram de ser estranhas, estão na TV, no jornal, nas mídias, nos cardápios! E isso me enche de orgulho. Eu acredito, com muita força, que no futuro não seremos mais minoria e o mundo será melhor”, defende a beltronense. 

 

Dados sobre vegetarianos e veganos no Brasil e no mundo

O Instituto Ibope conduziu uma pesquisa por dois anos consecutivos, a qual indicou que no Brasil 8% da população se declara vegetariana (2012). Isto corresponde a 16 milhões de vegetarianos, adotando o pressuposto conservador de que esta porcentagem não aumentou. Nos EUA, cerca de 50% dos vegetarianos (16 milhões de pessoas) se declararam veganos em pesquisa recente do Instituto Harris Interactive. No Reino Unido, cerca de 33% dos vegetarianos (1,68 milhões de pessoas) se declararam veganos. Já existem, no Brasil, cerca de 240 restaurantes vegetarianos e veganos, além de um boom de lançamentos de pratos e lanches veganos em restaurantes e lanchonetes não-vegetarianas. O crescimento do mercado brasileiro reflete tendências mundiais: no Reino Unido, houve crescimento de 360% no número de veganos no País na última década (2005-2015). Nos Estados Unidos, o número de veganos dobrou em 6 anos (2009-2015). Fonte: SVB. 

 

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