O alerta é da médica anestesiologista dra. Silvana Vielmo.
“Manter a calma também é muito importante para racionalizar os recursos de saúde, higiene e alimentação sem pânicos. Mas acreditem: fiquem em casa e protejam seus familiares. Não haverá leitos hospitalares para todos, independentemente de condição socioeconômica.
É uma situação realmente grave”, enfatiza dra. Silvana Vielmo, médica anestesiologista, do Hospital São Francisco, Beltrão, que acompanha o trabalho de colegas de outros países que sofrem com o coronavírus e agora também brasileiros, principalmente de São Paulo.
A situação é crítica, muito preocupante, mas não justifica o pânico; é um momento de muita responsabilidade. “Todos podem ser um instrumento pra conscientizar e orientar as pessoas da situação. O isolamento é importante porque se trata de um vírus altamente contagioso, por isso precisamos achatar a curva da ocorrência da doença, pra dar suporte aos casos mais graves, a exemplo dos países que muito precocemente fizeram o isolamento social. Os países que atrasaram pra fazer isso são aqueles que saíram de controle. Se tivermos contaminação mais lenta, teremos tempo de desafogar o sistema. Já estamos vendo na Itália que há uma seleção dos pacientes que serão tratados, diante a realidade que se chegou. Isolamento é evitar e retardar a curva da doença.”
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A situação é grave?
“É muito grave, porque é uma pandemia, pela alta transmissibilidade do vírus e porque é de difícil tratamento nos casos complicados, com muitas mortes. São pacientes que quando necessitam de tratamento em UTI ficam de 15 a 20 dias internados, com muitos dias de entubação”, responde dra. Silvana.
Apesar do alto risco, a maioria dos casos serão leves, com tratamento domiciliar, até pra evitar uma sobrecarga do sistema de saúde. Os casos leves devem ficar em casa, com repouso, isolamento, boa hidratação, boa alimentação e tratamento sintomático pra febre como uso do paracetamol. O tratamento é como uma gripe normal. Devem procurar o pronto-atendimento quem apresentar falta de ar, desconforto respiratório, febre alta.
Primeiro pensar nas vidas
A médica lamenta o pânico de algumas pessoas por estocar comida, por considerar uma situação pouco solidária e irracional, que provoca mais aglomeração neste momento em que se tenta conter a transmissão do vírus. “Além de que, as pessoas que não têm condição financeira de fazer estoque serão desfavorecidas, porque haverá um aumento de preços.” Considerando que o Brasil terá um período de recessão econômica importante, será um momento difícil que o País vai passar, “mas precisamos primeiro pensar nas vidas”.
Dra. Silvana ressalta a importância de as pessoas que estiverem preocupadas em ajudar, que procurem comprar produtos de pessoas que não fazem parte de uma grande rede de alimentos, por exemplo, comprar pão da mercearia da esquina, comprar fruta da feirinha, ajudar os pequenos prestadores de serviço, que vão tentar sobreviver a essa crise também.
“Espero que possamos todos sair desta crise, com a bênção de Deus, e que todos estejam conscientes e façam sua parte, mas principalmente que todos que precisarem não sair que fiquem em casa, principalmente neste período de quarentena, que é o instrumento mais eficaz de lidar com essa doença agora.”

O isolamento é importante porque se trata de um vírus altamente contagioso, por isso a necessidade de achatar a curva da ocorrência da doença.
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